Um grito de socorro!

As duas mortes ocorridas nos últimos dias dentro das escolas públicas estaduais do Paraná escancaram o que nós, educadores e educadoras, vimos passando e denunciando há muito tempo

Por Luiz Fernando Rodrigues:

Os filhos dos paranaenses correm perigo! Não estou falando aqui da violência das ruas, do consumo de drogas e álcool, do excesso de uso de telas. São, com certeza, perigos atuais que devem ser observados pelos pais, mães responsáveis pelas crianças, adolescentes e jovens. Hoje quero chamar a atenção para os riscos futuros dessa galera. Ou do risco de não ter futuro!

Se você está lendo esse texto, com certeza um professor teve uma presença importante na sua vida. Se conseguir interpretá-lo, então, esse professor foi espetacular. Quem não se lembra daquele professor, daquela professora que chegava com alegria na sala de aula com uma vontade imensa de fazer a gente estudar. Às vezes não entendíamos muito as broncas, as cobranças, mas hoje sabemos o quanto isso foi e é importante para nós. Como não se lembrar dos “tios e tias” que tínhamos na escola, sim porque ali tínhamos uma verdadeira família: o pessoal da biblioteca, da cozinha, da limpeza, da secretaria… Tempo bom né?!

Infelizmente isso ficou no passado. Nossos professores e professoras, funcionários e funcionárias das nossas escolas já não tem a mesma disposição. Estão adoecendo e, pior, morrendo por isso!

As duas mortes ocorridas nos últimos dias dentro das escolas públicas estaduais do Paraná escancaram o que nós, educadores e educadoras, vimos passando e denunciando há muito tempo.

Sobrecarga de trabalho, excesso de alunos por sala, falta de condições dignas de trabalho, precarização, terceirização, falta de valorização, salários e direitos atacados pelo governo. Para além disso, transformaram a educação pública do Paraná num produto, em mercadoria. Nos tornamos meros “operadores” de uma máquina que precisa dar resultado. O objetivo principal: propagar que é a melhor educação do Brasil e projetar políticos para voos mais altos.

Para isso, um verdadeiro batalhão de verdadeiros “capitães do mato” foi posto a fiscalizar a atuação dos profissionais da educação, cobrando metas, dados, números. Se na empresa, as metas apontam para o lucro, aqui apontam para o futuro político do governador e do secretário de educação. Se a “máquina” não funcionar adequadamente, com terão sucesso eleitoral em 2026?

Mas a “máquina” não suporta, nossas escolas estão sucateadas, sem manutenção e sem gente suficiente. Os que ficam precisam dar conta de tudo. Os professores não conseguem mais focar na a aprendizagem, mas são cobrados de acessos a plataformas milionárias contratadas pelo governo. O que importa são os minutos, os cliques, os acessos. Importa a presença, mesmo que fraudada, dos estudantes nas escolas. Basta confrontar a chamada dos alunos com a realidade.

Nossos estudantes tem sido feitos ratos de laboratório. Sendo testados a cada dia, a cada semana com desafios, olimpíadas, provas e mais provas.
Então aquela escola pela qual você e eu passamos e chegamos até aqui, já não existe mais. A escola onde a gente brincava e aprendia, onde a gente sonhava com a universidade, em até mesmo ser professor… está se acabando. Essa gurizada de hoje não vai conseguir ter o que tivemos.

Estamos pedindo SOCORRO. Estamos morrendo. E se estamos morrendo, desistindo de ensinar, como e com quem nossos meninos e meninas irão aprender? É necessário, é urgente salvar a escola pública! Sem ela, o que será do futuro de todas e todos nós?


(*) Luiz Fernando Rodrigues é funcionário de escola agente educacional II em Paiçandu, região de Maringá, formado em Marketing e especialista em Gestão Escolar

Foto: Tra Nguyen/Unplash