Está ficando feio demais…

Virada Cultural: Secretaria de Cultura de Maringá tenta emplacar argumentos falaciosos para defender a tese de uma decisão mal tomada

O anúncio da mudança da Virada Cultural para o Pavilhão Azul do Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro não pegou bem. Produtores culturais e público – pelo menos ao que se manifesta em redes sociais – são quase unânimes: que ideia horrível.

Não bastasse a unilateralidade da decisão, ao que consta, sem consultar o Conselho Municipal de Políticas Culturais, a Secretaria de Cultura de Maringá tenta emplacar argumentos falaciosos para defender a tese de uma decisão mal tomada.

“A escolha do local considera dados do Diagnóstico do Desenvolvimento da Cultura em Maringá, realizado em 2023 pela Secretaria de Cultura em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM). O estudo aponta que o Parque de Exposições é o local mais frequentado pela população em eventos culturais na cidade”, diz trecho da nota publicada nas redes sociais, em resposta a um comentário contrário a escolha do local.

Questiono se, de fato, quem escreveu a nota leu o diagnóstico. Primeiro, porque datam ele em 2023, sendo que o documento é assinalado em 2022. Segundo, porque – não sabia inicialmente se era pela minha ignorância confessa sobre o assunto -, não encontrei nenhuma citação ao Parque de Exposições (com exceção de um trecho que falam sobre o Hallel) em todo o documento.

Eis que vejo o comentário da professora doutora Simone Dourado, que assina a consultoria acadêmica do diagnóstico, refutando com veemência a colocação feita pela Semuc. Falta de interpretação de texto ou um erro doloso da atual gestão da Cultura? Espero que seja simplesmente falta de interpretação de texto.

“@secretariadeculturamaringa há um erro de interpretação. No mínimo podemos dizer que é um erro. Como pesquisadora da uem integrante da equipe do Diagnóstico informo que a EXPOINGA foi o evento mais reconhecido pelo maringaense. A pesquisa não captou nada em relação ao espaço físico do parque de exposições. A escolha da prefeitura pode estar amparada em todos outros elementos listados, mas não no Diagnóstico que orientou o poder público para outros caminhos, inclusive: descentralização das atividades por diferentes espaços da cidade. Dessa forma, levar a virada para dentro do parque vai no sentido oposto do que indicado no Diagnóstico, que é público, todes podem ler.”

Em meio a toda essa discussão, eu não vi do atual secretário de Cultura nenhum posicionamento. Quase não o vi nas redes sociais (só uma foto com um belo cachorro, no gabinete do prefeito junto a primeira-dama). Aparentemente tudo sacramentado. Sem espaço para diálogo. Ou será que depois das sucessivas críticas ainda há espaço para a mudança?

Mas o silêncio pode ser às vezes um dilema. Um espaço de introspecção e de decisão. Ouvir a população ou se manter afinado com a política do grupo? Essa decisão é difícil de se tomar. Ainda mais quando apresentada quase como contraponto. Para além de comunicação engraçadinha, às vezes, é preciso se portar com a seriedade e decoro que o cargo pede.

Enfim, que a atual gestão tenha piedade da nossa querida Virada Cultural.

Foto: Google Earth