Está ruim para (quase) todo mundo


Parar por simplesmente parar é uma estratégia que pode ter efeito oposto
População pagando caro na passagem. Município subsidiando R$ 50 milhões por ano das passagens. Motoristas reclamam das condições de trabalho. Um paga caro para usar. Outro paga caro para manter. O último rala duro para não ganhar o que merece. Se houvesse bom-senso (e um contrato menos leonino) já deveríamos ter repensado o transporte público de Maringá há tempos.
Mas hoje vamos nos ater a greve. Paralisações como essa são o último recurso. São feitas rodadas de discussão entre os sindicatos patronais e de trabalhadores. A greve é sempre o último recurso. A bala na agulha para levar a discussão a outro patamar. Decisão do TRT, coerente por se tratar de serviço essencial, garante a CIRCULAÇÃO de pelo menos 70% da frota em horários de pico. Tenho uma ideia para o sindicato: que circule 100%!
É justa a reivindicação e o movimento grevista. Apesar disso, neste momento, sangra quem não precisa. O trabalhador que precisa pagar tarifas promíscuas de “preço dinâmico” do Uber. Estudantes que não têm como chegar à escola ou faculdade. O recado não é e não deveria ser para eles. E, sim, para quem está em negociação. Minha sugestão?
Circulem com a frota em 100% da operação. Gastem combustível, rodem com os veículos. Abram as catracas. A decisão da justiça não compromete a greve. Somente impõe que os ônibus estejam circulando e prestando o serviço. Deixe que a população seja transportada de graça (olha que baita experimento para a tarifa gratuita). A empresa não pode fazer com que menos de 70% dos ônibus estejam rodando. A decisão é da justiça. Há no documento alguma objeção em relação a isso? Não? Então pé na estrada!
Façam, motoristas, que cada ônibus rodando seja um ônus e um aviso para a empresa. “Enquanto vocês não atenderem as nossas demandas, o prejuízo será sempre de vocês!” Não dos motoristas, não da população, não da prefeitura de Maringá. Quanto tempo a empresa ficará inerte, enquanto os ônibus continuam gastando e os valores das passagens não estiverem entrando?
Parar por simplesmente parar é uma estratégia que pode ter efeito oposto. A população fica descontente com o trabalhador na ponta e não com a raiz do problema: a empresa. Se o indivíduo anda de graça e chega onde quer chegar, vai ouvir o motorista com mais atenção e apreço. Vai se juntar a quem de fato precisa juntar. No fim, todos querem o mesmo: transporte de qualidade. Qualidade para quem usa, qualidade para quem trabalha e qualidade para quem paga subsídios obscenos.
“Já diria o importante economista maringaense Carlos Marques”: Motoristas de Maringá, uni-vos!
Imagem gerada por IA/Copilot