Não O sobrecarreguemos

“O Universo me espanta e não posso imaginar que este relógio exista e não tenha um relojoeiro”

Um amigo, colega de Banco do Brasil, com quem trabalhamos 42 anos atrás, e de lá para cá nos falamos apenas uma vez, e que ao que parece tem dúvidas sobre a existência de um Deus único, tal qual cremos, fez uma postagem, de uma frase inspiradora da presente reflexão: ‘Não sobrecarregue os deuses: ‘tudo que há, existe porque sim’.

Existe um Deus único, aprendemos com a Doutrina Espírita. E Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas. Em síntese, é o Criador de tudo, portanto, está acima de todas as inteligências que existem no Universo. A ciência confirma que “não há efeito sem causa”.

Na filosofia, Voltaire, pensador francês, afirmou com raciocínio prático, sobre a existência do Criador: “O Universo me espanta e não posso imaginar que este relógio exista e não tenha um relojoeiro”.

De fato, podemos afirmar que esse “grande relógio”, incomensurável mecanismo que é o Universo, foi projetado por uma inteligência que denominamos – Deus, o Grande Arquiteto.

Para a filosofia Espírita, Deus atua através de 10 de leis imutáveis, estabelecidas por Ele, e que regem o universo e a vida material e espiritual:
■ Lei de Adoração: Refere-se ao reconhecimento da existência de Deus e à busca pela conexão com o divino, seja através da religião, da natureza, ou da prática da caridade;
■ Do Trabalho: Enfatiza a importância do trabalho como ferramenta de progresso e evolução, tanto para o desenvolvimento material quanto para o crescimento espiritual. No sentido amplo, inclui o trabalho intelectual, moral e afetivo, trabalho é toda ocupação útil ;
■ De Reprodução: que vista no contexto da reencarnação, trata da continuidade da vida física e evolução do Espírito. É a lei que rege a geração de corpos físicos para as múltiplas encarnações;
■ De Conservação: Relacionada à preservação da vida, tanto a própria quanto a alheia, e à busca pela harmonia e equilíbrio. Inclui a responsabilidade com a saúde do corpo e a busca pela evolução moral;
■ De Destruição: Pode parecer contraditório, mas a destruição, dentro da visão espírita, é um processo natural de renovação e progresso. É a lei que rege o fim de ciclos, a transformação de formas, e a abertura para o novo;
■ Lei de Sociedade: Destaca a importância da convivência em sociedade, da interdependência entre os seres humanos, e do exercício da solidariedade e fraternidade;
■ Lei do Progresso: Essa lei aponta para evolução contínua do ser, tanto intelectual quanto moral, através do aprendizado, da experiência e da reforma íntima;
■ De Igualdade: Enfatiza que todos os seres foram criados iguais por Deus, com as mesmas oportunidades de progresso. A desigualdade observada na sociedade é resultado do livre-arbítrio e do progresso individual de cada um;
■ De Liberdade: Refere-se ao livre-arbítrio, a capacidade de escolha que cada ser possui. No entanto, a liberdade deve ser exercida com responsabilidade, seguindo os princípios da lei divina, para que não se torne fonte de sofrimento;
■ De Justiça, Amor e Caridade: É a lei mais importante, pois resume todas as demais. A justiça, o amor ao próximo e a caridade são os pilares da evolução espiritual, e a prática desses princípios é o caminho para a felicidade.

Há quem conteste a eficácia da prece, entendendo que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os seus decretos, o que daria, de certo modo, razão ao meu amigo, quando disse: ‘tudo que há, existe porque sim’.

Mas não somos seres passivos, sem livre-arbítrio e sem iniciativa, que curvam a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los. Deus não nos deu a razão e a inteligência, para que ficassem sem serventia.

Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem mudanças das leis naturais. Mas não devemos sobrecarregá-LO com pedidos fúteis, banais.

Foto: Bob Hines/Nasa