A coragem é para poucos

Em pleno século 21 alguns exemplares do vivente atual teimam negar suas origens ao demonstrar escassez de coragem

Existe um sentimento predominante que permitiu aos bípedes primitivos a superação de incontáveis desafios e possibilitou a ascensão da raça humana. Porém, eis que em pleno século 21 alguns exemplares do vivente atual teimam negar suas origens ao demonstrar escassez de coragem, antes naturalmente profusa em nossos ancestrais. Esse comportamento é observado no mandatário-mor, reticente ao extremo em se comunicar com o “alaranjado” lá de cima do mapa que resolveu misturar política com economia e ideologia, resultando num caldo literalmente indigesto para os menos privilegiados da nação verde-amarela.

É interessante ressaltar que o mais ilustre filho de Garanhuns foge da responsabilidade que lhe foi confiada nas urnas. Como chefe do executivo federal, a “mais honesta viva alma desse País” tem sim a obrigação de ligar para o presidente americano e debater sobre assuntos pertinentes à economia do País, falar o que pensa sobre o “tarifaço” enfiado goela abaixo e ouvir o que o interlocutor do outro lado da linha tem a dizer. Aliás, como somos altamente dependentes dos produtos e serviços americanos em diferentes e potencialmente estratégicos setores, é mais do que um dever, é uma premente obrigação de Luiz Inácio procurar uma forma de, pelo menos, tentar argumentar sobre os danos causados ao País. A desculpa mais do que esfarrapada de não desejar ser humilhado não cola, muito menos de que Donald Trump não queira conversar no momento.

Lula não mostra coragem suficiente para desempenhar seu papel como líder de uma nação soberana. O outrora pretenso estadista, atualmente agraciado com o título de “anão diplomático” prefere se aliar a regimes autoritários como Venezuela, China, Rússia e Irã, com os quais mantém vínculos ideológicos, corroborado pela declaração de que está “cada vez mais esquerdista e socialista”. O presidente da República não consegue juntar um lampejo de coragem para falar com Trump, mas sobrou insensatez quando enviou seu vice à posse do presidente iraniano, evento onde se reuniram líderes de grupos extremistas. Também tem coragem para alardear que defende a soberania nacional e o interesse do povo brasileiro, mas suas verdadeiras intenções se resumem apenas e tão somente na reeleição. Não perde oportunidade em provocar o líder norte-americano com bobagens pueris. Mostrou todo seu escárnio com o pagador de impostos ao reclamar do próprio salário, uma afronta aos que tentam sobreviver com o suor de seu trabalho. Suas bravatas recorrentes acabam deteriorando ainda mais as relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos, mesmo porque o pacote norte-americano de penalidades carrega o condimento apimentado da Lei Magnitsky, originalmente direcionada àqueles que promovem graves violações de direitos humanos e corrupção.

O Brasil será invariavelmente afetado pelas medidas implantadas. Em diversos setores da economia já ocorrem demissões, inflando os números de uma inevitável recessão. Indiferente às consequências econômicas e sociais por conta de suas posturas radicais, Lula continua com seus discursos vazios para sua plateia adestrada, que reage conforme o script ensaiado. Como bem profetiza o pensador Ubaldo Santos de Jesus, “a coragem é para poucos, só os fortes sobrevivem, porque os covardes, esses morrem antes mesmo de lutar”.


(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva/PR.

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