O risco do auxílio escolar

Crédito em cartão para compra de uniformes e materiais escolares pode dar ruim e acabar virando dinheiro no açougue
O projeto que estabelece auxílio para que pais ou responsáveis possam comprar uniformes e materiais escolares a partir de cartão ou voucher eletrônico pode repetir algo muito ruim que acontece com o vale-alimentação fornecido, por exemplo, pela Prefeitura de Maringá. A prática, que viola a legislação, enriquece algumas pessoas, incluindo as que batem no peito falando mal de políticos.
Um ex-secretário municipal prevê o que pode acontecer com a Lei Majô 2: o cartão escolar será usado por pais que não comprarão os materiais, gastando os créditos com o que achar mais conveniente, inclusive bebidas. Um outro detalhe: vai ter estudante que levará material diferente dos demais, possivelmente mais inferior, o que pode representar reflexo em autoestima e prejudicar o futuro da criança. “A elaboração do projeto deveria levar em consideração todos estes pontos, pois mesmo a escola fornecendo a lista há várias marcas de cadernos, lápis de cor, cola etc. Creio que é preciso rever a proposta, pois pode impactar também na vida familiar”.
O projeto aprovado ontem em primeira discussão é pouco ou quase nada explicativo, jogando para a prefeitura a regulamentação básica. É um risco não calculado.
Num grupo maringaense de concurseiros um dos participantes perguntou se é possível pegar o cartão alimentação da prefeitura e retirar em algum lugar o valor em espécie. Recebeu como resposta que dá pra fazer a mesma coisa com outros cartões e fornece até o nome de um açougue no Jardim Alvorada que faz isso cobrando taxa de 13% – o que é usura, crime contra a economia popular. Se a prefeitura quiser, pode descredenciar o estabelecimento.
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