Mandado de prisão em aberto

Justiça de Santa Catarina decreta prisão do empresário Jorbel Griebeler, dono de várias lojas de eletrônicos no Paraguai
Um dos empresários mais conhecidos da tríplice fronteira, dono de lojas no Paraguai, de lojas francas em Foz do Iguaçu, está com mandado de prisão em aberto no Brasil. A investigação está sendo conduzida em Santa Catarina, envolvendo um esquema milionário. Jorbel Griebeler é dono de um dos maiores grupos varejistas de Cidade Leste, onde constrói uma megaloja de 60 mil metros quadrados. A informação foi dada pela Band Paraná (veja ao final)
Em Foz do Iguaçu, ele mantém lojas francas, isentas de impostos, e foi recentemente homenageado como cidadão honorário. O mandado de prisão faz parte da Operação Mercado de Pandora, que investiga a fraude fiscal e sonegação de cerca de 45 milhões de reais no comércio eletrônico. Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de prisão, 44 de busca e apreensão e bloqueados 227 milhões em bens.
Ele vive no Paraguai, onde segue comandando os negócios. A investigação segue sob sigilo e os envolvidos podem responder por crimes como organização criminosa e lavagem de dinheiro. Nas redes sociais das lojas, o empresário negou todas as acusações, disse que confia na justiça e que tem uma equipe jurídica de alto nível.
Organização criminosa – A Operação Mercado de Pandora, que desmantelou uma organização criminosa responsável por um esquema de fraude fiscal e sonegação de impostos no comércio eletrônico, foi deflagrada na terça-feira da semana passada, em Alagoas, no Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo. A ação contou com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Foram cumpridos 15 mandados de prisão preventiva e 44 de busca e apreensão, além de ordens de bloqueio de bens e valores de 38 pessoas físicas e 31 jurídicas. Durante as diligências, uma pessoa foi presa em flagrante pelo porte de munições de calibre restrito e um simulacro de arma de fogo.
O grupo criminoso é investigado por fraude fiscal, sonegação tributária, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documentos falsos no comércio eletrônico. O valor estimado de sonegação, segundo o fisco estadual, é de aproximadamente R$ 45 milhões. Já o montante total solicitado para bloqueio judicial de ativos chega a R$ 227,6 milhões.
A ação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público de Santa Catarina, e foi apoiada pelos Ministérios Públicos e forças de segurança dos quatro estados. O Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), vinculado à Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), prestou suporte técnico especializado.
A atuação do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), vinculado à Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência, se deu por meio do Núcleo de Operações em Criptoativos, na identificação, rastreamento e apreensão de ativos virtuais movimentados pela organização criminosa. O trabalho do Ciberlab foi fundamental para mapear as transações financeiras digitais ligadas ao esquema de sonegação e lavagem de dinheiro.
Investigações – As investigações, conduzidas pela 6ª Promotoria de Justiça da Comarca de Chapecó (SC), revelaram um sofisticado esquema de evasão fiscal estruturado em torno da venda de smartphones por meio de marketplaces.
O grupo utilizava empresas de fachada registradas em nome de terceiros, conhecidas como noteiras, para emitir notas fiscais eletrônicas fictícias, permitindo a comercialização dos produtos sem o recolhimento de tributos. Após atingir altos volumes de venda, as empresas eram desativadas e substituídas por novas, dando continuidade ao ciclo criminoso.
Além dos prejuízos aos cofres públicos, o esquema promovia concorrência desleal no setor varejista de tecnologia e dificultava o rastreamento contábil. A operação também contou com o apoio da Fazenda Pública Estadual de Santa Catarina, em razão do interesse fazendário nos ilícitos investigados.
Mercado de Pandora – O nome da operação faz referência ao mito grego da “Caixa de Pandora”, simbolizando um ambiente inicialmente legítimo que, ao ser desvendado, revelou um esquema complexo de fraudes fiscais e dissimulação patrimonial. Assim como no mito, o “mercado” investigado escondia graves ilícitos sob aparência de legalidade.
As investigações seguem em curso, sob sigilo. Novas informações poderão ser divulgadas à medida que houver autorização judicial. (C/ Band/MJSP)
Foto: Reprodução/Câmara de Foz