A direita está na ilusão de que em 2026 vão se repetir as condições de 2018, quando o mapa eleitoral passou por uma maré conservadora
De Elio Gaspari, em O Globo:
As pesquisas mostram que Lula saiu das cordas e voltou a ser o favorito para a eleição do ano que vem. Isso foi conseguido por dois fatores. O governo impôs uma agenda positiva com a isenção de imposto de renda para o andar de baixo.
O segundo fator foi o delírio trumpista da oposição, com a espetaculosa atividade de multidão desfilando uma gigantesca bandeira dos Estados Unidos na Avenida Paulista no 7 de Setembro.
Trump e suas tarifas não produzem um só emprego no Brasil. Ao associar-se a ele, bolsonaristas como o governador Tarcísio de Freitas atravessaram a rua para escorregar na casca de banana da outra calçada.
A esquerda brasileira era conhecida pela sua capacidade de se dividir. Lula tornou-se seu fator de união. A paixão pelas divisões migrou para a direita. Tarcísio, Caiado e Romeu Zema não se entendem e ninguém sabe porquê. Como se isso fosse pouco, o deputado Eduardo Bolsonaro age como um guerrilheiro avulso.
A esquerda brasileira era conhecida pela sua capacidade de se dividir. Lula tornou-se seu fator de união. A paixão pelas divisões migrou para a direita. Tarcísio, Caiado e Romeu Zema não se entendem e ninguém sabe porquê. Como se isso fosse pouco, o deputado Eduardo Bolsonaro age como um guerrilheiro avulso.
A direita está na ilusão de que em 2026 vão se repetir as condições de 2018, quando o mapa eleitoral passou por uma maré conservadora. Em 2018, Lula estava na cadeia, o PT na lona, derrubado pelas roubalheiras confessadamente cometidas pelos burocratas e empresários apanhados pela Lava-Jato. Hoje o juiz Sergio Moro é um senador ectoplásmico que vaga pelos corredores do Congresso. Quem está em prisão domiciliar é Jair Bolsonaro.
À primeira vista, dividida, a direita não vai a lugar algum. À segunda vista, o bolsonarismo, que foi um agregador em 2018, hoje é um desagregador, uma espécie de encosto.
Foto: Ricardo Stuckert/PR