Advogada maringaense integra a Academia Brasileira de Direito Animal e Natureza
A advogada e professora universitária Tereza Rodrigues Vieira acaba de tomar posse na cadeira 7 como membro vitalício da Academia Brasileira de Direito Animal e Natureza (ABDAN), ao lado de grandes nomes nacionais e internacionais. No total são 20 cadeiras nacionais e 10 membros internacionais.
“Suponho que tamanha honraria tenha sido a mim concedida em decorrência dos livros e artigos que tenho publicado sobre bioética, direitos animais, principalmente, família multiespécie”, disse ela, que tem algumas obras publicadas sozinha e outras em co-autoria, como, por exemplo “Família Multiespécie: animais de estimação e Direito” e “Animais: bioética e direito”, com Camilo Henrique Silva”.
Tereza escolheu como patrona da cadeira 7 a cantora Rita Lee, pessoa com a qual se identifica desde a adolescência, quando ouviu a canção “Ovelha Negra” (título hoje politicamente incorreto), canção esta que aborda a ideia de se sentir diferente. Tereza conheceu Rita Lee pessoalmente na década de 80.
Nos cinquenta anos de carreira, Rita Lee deixou um legado imenso, com mais de 600 gravações e mais de 300 composições com letras fantásticas. Gravou 30 discos. Vendeu mais de 55 milhões de discos. Rita foi a cantora que mais vendeu discos. Também foi a mais censurada na época. Foi até apresentadora e comentarista de TV, programa Saia Justa.
A vasta obra da maior roqueira brasileira todos conhecem, mas nem todos sabem que Rita Lee era vegana, defendia a alimentação à base de plantas e era grande defensora dos animais. Em 1978, por algum tempo no final de uma turnê, ela atribuiu à sua banda o nome: Rita Lee & Cães e Gatos.
Rita Lee escreveu alguns livros, inclusive livros infantis ressaltando o amor à natureza e aos animais, como – “Amiga Ursa- Uma história triste, mas com final feliz”, contando a trajetória de uma ursa, animal que foi vítima de tráfico, sofreu maus-tratos no circo antes de ser resgatada pelo IBAMA e enviada para o santuário Rancho dos Gnomos. Rita Lee foi ao santuário para conhecer a ursa e resolveu escrever um livro sobre o animal.
Certa vez, também, Rita Lee resgatou uma jaguatirica que sofria maus tratos e a levou para o sítio. Escreveu a série infantil “Dr. Alex”, onde um cientista vira um ratinho para lutar contra vilões que escravizam e exploram os animais.
Tereza fala com admiração acerca da sua patrona na ABDAN: “Rita Lee era uma mulher ousada em época de repressão e, a vida toda foi uma mulher de vanguarda em várias questões, desafiando os conservadores. Era uma pessoa culta, que sabia se expressar em cinco idiomas. Sua coragem e singularidade serviram de inspiração e pavimentaram a estrada para a liberdade de expressão, particularmente para as mulheres, ao desafiar normas e estereótipos em um contexto predominantemente masculino.”
Rita Lee não tem uma música específica com um título sobre animais, mas a canção “Eu Odeio Rodeio”, em parceria com Chico César, é uma nítida crítica aos maus-tratos e à exploração animal em rodeios. Ela sempre se posicionou abertamente contra rodeios, vaquejadas, circo com animais, comércio de animais exóticos, defendendo que os bichos não são objetos, mas seres que sentem.
Rita Lee era, sem dúvida, uma ativista, na luta contra a exploração de animais, dedicando boa parte de seus últimos anos à causa animal, contra o abandono de animais, resgatando bichos e divulgando animais para adoção em suas redes sociais e alertando sobre a importância de cuidar do planeta.
Após se aposentar dos palcos, Rita Lee viveu em um sítio no interior de São Paulo rodeada de diversos animais, incluindo cachorros, gatos, carpas, tartarugas, jabutis, macaquinhos e pássaros, que frequentavam seu belo jardim. Ela sustentava que a interação com os animais favorece uma ligação com a lealdade. Em resumo, os animais são uma presença constante na vida e na obra de Rita Lee.
Como conselho, ela propunha: “Sua resolução de vida deveria ser adotar um cachorro, um gato ou outro bichinho que esteja precisando. Aí você vai sentir o que é ser amado de volta.” Rita Lee faleceu em maio de 2023. Ela dizia: “Sempre convivi com bichos, se existe um paraíso quando morrermos, no meu terá que existir um monte de Arcas de Noé!”. A professora Tereza Vieira conclui dizendo espera honrar o compromisso da cantora Rita Lee com a causa animal e a natureza.
A cerimônia de posse ocorreu durante o Congresso Internacional sobre Bioética e Direito Animal, no último dia 10 em Santa Maria (RS). O evento presencial e online ocorreu de 8 a 10 de outubro de 2025, na Universidade Federal de Santa Maria, reunindo especialistas do Brasil e do exterior.
Fotos: Arquivo pessoal