Os movimentos sociais e a Caravana Federativa do Governo Lula

Não pude deixar de registrar que na mesa de abertura, estavam presentes 30 homens e apenas 5 mulheres, nenhum negro, numa demonstração clara que ainda há muito o que fazer para a igualdade no Estado

Nos dias 30 e 31 de outubro, aconteceu a Caravana Federativa do Governo Federal no Paraná. Realizada em Foz do Iguaçu, tendo a Itaipu como anfitriã, a Caravana Federativa tem como objetivo aproximar o Governo Federal das prefeituras e da população, garantindo que os programas cheguem onde mais são necessários. No evento ocorreram debates, oficinas e estandes com a presença dos ministérios e órgãos federais para atender prefeitos, vereadores e lideranças do movimento social, facilitando o acesso a programas, convênios e políticas públicas.

A abertura do evento contou com a presença de ministros/as, deputados/as federais e estaduais, prefeitos/as, vereadores/as e representante do movimento social. A ministra Gleisi Hofmann falou da importância da aproximação do Governos Federal para que os municípios tenham acesso facilitado aos programas e salientou o compromisso do Governo Lula com o povo. Para o diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Dr. Enio Verri, a iniciativa do Governo Federal cumpre uma missão relevante ao trazer os programas e ações para perto da população, tanto do setor público municipal com das entidades da sociedade civil. Representando a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), o deputado Arilson Chioratto ressaltou a parceria do Governo Federal com os municípios paranaenses. A representante do Ministério das Mulheres, Eutália Barbosa reforçou o pacto e ações pelo combate à violência contra a mulher enquanto o Ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, destacou o ressarcimento aos aposentados por parte do Governo Federal relativo aos descontos não autorizados. Consenso entre as autoridades e representantes da sociedade civil, exaltou-se a relevância da Caravana como forma de aproximar o Governos Federal e a população.

Via o Fórum de Participação Social (FPS), do qual a entidade que atuo, Associação Maria do Ingá Direitos das Mulheres faz parte, tivemos a oportunidade de participar da plenária do FPS bem como das oficinas específicas na área de direitos das mulheres.

Entre autoridades de terno e gravata, movimentos indígena e negro com suas vestimentas, mulheres com suas bandeiras de luta, dentre tantos, a Caravana mostra um pouco a cara do Estado do Paraná, que ainda mantem altos índices de feminicídio, racismo e preconceito, os quais devem ser combatidos com a união de movimento social e setor público.

Como observadora, não pude deixar de registrar que na mesa de abertura, estavam presentes 30 homens e apenas 5 mulheres, nenhum negro, numa demonstração clara que ainda há muito o que fazer para a igualdade no Estado do Paraná. Ainda mais para nós mulheres, que somos 52% da população, e estamos muito aquém da ocupação nos espaços de poder, como bem tratado na oficina do Ministério das Mulheres sobre Estratégias para ocupação dos espaços de poder.

No mais, a iniciativa do Governo Federal e organização do evento nos pareceram excelentes, sendo os contatos e as atividades promissoras com vistas a que as ações do Governo Federal cheguem pertinho de nós, nos nossos municípios.


(*) Tania Taitprofessora, escritora, integrante da ONG Maria do Ingá Direitos da Mulher

Foto: Tania Tait