Direita e esquerda se completam

Jesus Cristo, encarnado, seria de esquerda ou de direita? Pense aí, que nós pensamos aqui

Estima-se que 90% das pessoas, no planeta terra, sejam destras, que usam
preferencialmente a mão direita para realizar tarefas, como escrever e comer. Que cerca de 9% são canhotas, que utilizam o lado esquerdo, especialmente a mão, para a maioria das tarefas diárias. E 1% seria de ambidestras, que se servem com a mesma eficiência, de ambas as mãos. Nos três casos, direita e esquerda se completam.

Ideologicamente, “direita” e “esquerda” são termos políticos que se originaram na
Revolução Francesa para descrever diferentes visões sobre a igualdade social.
A esquerda geralmente defenderia maior igualdade social, com intervenção estatal, controle da economia e maior carga tributária para garantir bem-estar. A direita priorizaria a liberdade individual e a livre iniciativa, defendendo menor intervenção estatal, impostos menores e regulação limitada. Consta que pela disposição física dos assentos na Assembleia Nacional, à direita sentavam-se os
apoiadores da monarquia e do sistema antigo (os girondinos), enquanto à esquerda ficavam os que defendiam a revolução e a república (os jacobinos). Resumindo, desde então direita é quase sempre associada aos mais ricos, aos
empresários, patrões e esquerda aos mais pobres, os empregados.

Mais uma vez, a conclusão é que direita e esquerda se completam, pois não há
empresários, ricos, patrões que possam prescindir dos empregados, nem estes sobreviverão sem os empregadores, patrões. Não há polarização no sentido negativo do termo, de dois polos que não se conectariam.

No Brasil, nos últimos anos, graças à ignorância e desinformação provocada por má-fé de alguns, há quem pense que ser de direita é ser direito. Que político precisa ser de direita para ser honesto, e os de esquerda são todos corruptos. Criou-se uma verdadeira ‘esquerdofobia’, com a ‘demonização’ dos que não são adeptos de um certo grupo, ligado ao nome de um político que surgiu dizendo, em outras palavras, ser contra o sistema, um ‘caçador de esquerdistas’, e defensor da família e da pátria, citando o nome de Deus, muitas vezes em vão, e ganhou a adesão até de menos favorecidos, que tradicionalmente seriam de esquerda. Mas será que há mesmo esta separação ideológica entre direita e esquerda?

Sobre isso, ouvi uma fala interessante do prefeito de Camboriú, cidade que fica à direita da BR 101, sentido Florianópolis, que curiosamente é pai da prefeita de Balneário Camboriú, que fica do outro lado, à esquerda.

Falamos de Leonel Pavan, hoje no PSD, mas que foi vice-governador e senador por SC, pelo PSDB. Lembrou ele que o vice-presidente, nos dois primeiros mandados de Lula, José Alencar, era do PL, (de Waldemar Costa Neto, que foi condenado no mensalão), que hoje virou o principal adversário do PT, se
dizendo de direita. Ressaltou que os estatutos partidários são quase iguais. Esse negócio de esquerda e direita é bobagem, que serve para dividir o Brasil. Se dar escola de tempo integral e boa merenda é de esquerda, eu sou de esquerda.

Se profissionalizar o trabalhador é de esquerda eu sou de esquerda. Se gerar
empregos é da direita eu sou de direita. Se privatizar o que os governos não precisam cuidar é ser de direita, eu sou de direita. Tem coisa da esquerda que é boa e tem coisa da direita, também, completou.

Há caso de políticos, digo eu, como Aldo Rebelo, cuja formação política foi na esquerda: como militante da Ação Popular, um dos principais grupos de resistência à ditadura militar no Brasil, que militou muito tempo no Partido
Comunista e virou bolsonarista em 2024. Foi ligado à Igreja Católica, e aqui abro um parênteses para pergunta: Jesus Cristo, encarnado, seria de esquerda ou de direita? Pense aí, que nós pensamos aqui.

Assim concluímos que tem razão Leonel Pavan. Esta divisão de destros e canhotos é uma bobagem. Há bons políticos, como há corruptos de um lado e de outro. Esquerda e direita se completam e se complementam, para o bem ou para o mal.