Eleger e vigiar

Por Lutero Pereira:
É preciso saber que a cidadania, tomada em sua plenitude, engloba tanto o direito de eleger os representantes políticos, quanto o de fiscalizar-lhes a conduta. Eleger e vigiar os eleitos deve ser o novo estilo de vida do brasileiro.
A vigilância é um dos instrumentos mais eficazes que o cidadão tem ao seu alcance para fazer com que o político exerça bem seu mandato, e nestes tempos modernos são muitos os meios capazes de dar efetividade a esta prática, de modo que não mais se justifica a prática antiga de eleger e esquecer o eleito.
Somente sob a vigilância eficaz da sociedade é que o mandato político tem possibilidade de ser levado a efeito com responsabilidade, mesmo porque os fatos têm demonstrado que sem ela as chances de ocorrer desvios é muito grande, quando não, a regra.
A história que se segue aponta muito bem para a importância do político estar ciente de que os olhos do eleitor estão postos sobre ele por todo o tempo do exercício do mandato.
O rapaz estava dirigindo seu carro em boa velocidade pela avenida, quando se deu conta de que o semáforo à sua frente estava no vermelho para sua mão de direção. Sem titubear, acelerou e passou o sinal fechado. Duzentos metros adiante apareceu na sua frente um guarda de trânsito que fez sinal para que parasse. Ao chegar perto do veículo o policial pediu os documentos pessoais do motorista e os do veículo e perguntou: “você não viu que o semáforo estava fechado para você”? O rapaz respondeu: “sim, que o sinal estava fechado pra mim eu vi. Eu só não viu que o senhor estava logo aqui.”
A resposta traz boa lição sobre vigilância, pois com suas palavras o rapaz estava dizendo que se soubesse que o guarda estava ali, ele não teria infringido a lei de trânsito.
Adaptando esta história para a vida da política, é possível afirmar que se o político souber que está sendo vigiado e fiscalizado pelo eleitor, muito provavelmente não se permitirá infringir a norma da boa conduta, mesmo porque se agir de modo diverso corre o risco de ser flagrado e receber a pena capital do eleitor que é sua não reeleição.
Se o eleitor eleger bem e fiscalizar permanentemente aquele que elegeu, estará prestando um grande serviço ao país e, consequentemente, a si mesmo, pois muito provavelmente terá um político mais comprometido com a seriedade do mandato.
Quando, portanto, findarem as eleições deste ano, é preciso que ato contínuo, já no início de 2019, a sociedade crie ou fortaleça os instrumentos de fiscalização política, independentemente daqueles que o próprio Estado tem ao seu alcance.
O eleitor não pode esquecer que o político administra recursos seus, ou seja, do eleitor, os quais são recolhidos aos cofres públicos através do pagamento de impostos, taxas e contribuições, os quais não podem ser aplicados senão no interesse de quem os recolhe.
Quem não cuida de quem cuida do seu dinheiro, a miséria o alcançará.
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(*) Lutero Pereira, advogado
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