Discurso golpista tem a ver com decisão do STJ sobre Flávio

Por Reinaldo Azevedo, no UOL:

O presidente Jair Bolsonaro, no aniversário dos seus 66 anos, voltou, neste domingo, a provocar aglomeração e a ameaçar o país com um golpe de Estado (vídeo ao fim do artigo). Falava a seus admiradores, aquela gente que se reúne às portas do Palácio da Alvorada. A propósito: o jornalismo investigativo nos deve uma, né? Quem são essas pessoas, de onde vêm, quem sustenta a viagem, pagam hospedagem como? Não é preciso muita imaginação para supor que há caroço nesse angu. Já volto à sua fala. Antes, algumas considerações.

Repararam que temos um padrão? Explico. Bolsonaro tem quatro filhos sob investigação — até Jair Renan, o que ainda não foi eleito para nada. A situação mais delicada era a do senador Flávio Bolsonaro. O STJ, como se sabe, anulou a quebra de sigilo que resultou no processo que o atormentava. E pronto! No dia seguinte, o pai negacionista e ensandecido voltou a fazer discurso golpista.

Ao longo de 2019, com a oposição zonza com o resultado da eleição e sem nenhuma resistência organizada no Congresso, o presidente apoiou atos contra o Congresso e o Supremo. E sua retórica foi se tornando mais virulenta (!) ao longo de 2020. Até a prisão de Fabrício Queiroz. Aí ele amansou.

Quando o coronavírus deu as caras no Brasil, Bolsonaro já estava no modo negacionista. Aliás, o avião que trouxe sua comitiva dos EUA era um verdadeiro depositário do corona. Até o STJ não livrar a cara de Flávio, dizia coisas estúpidas sobre o patógeno e a doença, mas evitava o discurso golpista.

Bastou que a punição ao filho se tornasse mais distante e pronto! Eis o homem de volta. Este é, pois, o padrão. Se um dos seus se enrosca com a Justiça, ele amansa a retórica. Se acha que está por cima da carne seca, então discursa como valentão. Leia mais.