A pessoa errada, no lugar errado, na hora errada

Li e dou o crédito ao final: Aparentemente perto do fim, a pandemia da Covid-19 poupou-nos a vergonha de ver milhões de brasileiros se esbaldarem nas ruas até o fim da próxima semana, enquanto o mundo, estarrecido e impotente, assiste à primeira guerra de conquista na Europa desde que Adolf Hitler invadiu a Polônia em 1939.

De outra vergonha, porém, o vírus não nos poupou. Na manhã em que os russos invadiram a Ucrânia por terra, mar e ar, o presidente Jair Bolsonaro acordou mais preocupado em saber como fora o jogo da véspera entre o Palmeiras e o Athletico-PR, o primeiro pela decisão da Recopa Sul-Americana.

“Não vi o jogo do Palmeiras, eu dormi. Alguém sabe quanto foi?”, perguntou a um grupo de devotos que o aguardavam no cercadinho dos jardins do Palácio da Alvorada. Foi 2 a 2. Nas redes sociais, ele prestou solidariedade aos familiares, amigos e fãs da cantora Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta, que morreu. Em seguida, viajou a São Paulo para atos da campanha à reeleição, entre eles mais uma motociata paga com dinheiro público. Durante 10 horas, ocupado em pedir votos e em criticar o PT, não disse uma só palavra sobre a guerra. Melhor que tivesse ficado calado, porque, quando falou, produziu um novo desastre.

O vice-presidente Hamilton Mourão havia dito sobre a invasão: “Se o Ocidente simplesmente permitir que a Ucrânia caia, a Moldávia será a próxima, depois os Estados Bálticos. Assim como a Alemanha de Hitler fez no final da década de 1930”. Na sua live das quintas-feiras, Bolsonaro correu a desautorizar Mourão. Leia a matéria completa no Blog do Noblat, no Metrópoles.

Faço minhas as palavras do conceituado jornalista : Bolsonaro é, neste momento, a pessoa errada, no lugar errado, na hora errada. Mas em 2018, talvez não fosse, assim como Lula pode não ser (hoje penso o mesmo do ex-presidente, o nome errado, na hora errada para ocupar o lugar de presidente)

Se a opção for Lula ou Bolsonaro, é preferível Lula,  por razões semelhantes, não iguais,  às que em 2018 levaram muitos eleitores a optarem por Bolsonaro.  Mas continuo acreditando em outra opção entre Moro, Eduardo Leite, Simone Tebet e  Alexandro Vieira, não necessariamente nesta ordem.