As contradições e equívocos de Lula em relação à guerra da Ucrânia

Lula está redondamente equivocado, política e moralmente, em relação à guerra da Ucrânia. Politicamente, porque repete à exaustão os princípios da autodeterminação dos povos e da não intervenção nos assuntos internos de outros países, e usa esses princípios para deixar de criticar as ditaduras de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua, mas intervém e opina de forma atabalhoada e incorreta sobre a guerra da Ucrânia; moralmente, porque trata de forma igual o país invasor, a Rússia, e o país invadido, a Ucrânia.
De um lado, o invasor, um país militarmente poderoso, uma ditadura comandada pelo sanguinário Putin, com um arsenal atômico capaz de destruir o mundo e, de outro, a Ucrânia democrática, um país pacífico, que não atacou nem provocou uma única morte de civil em solo russo. Mas Lula vai além. Condena os Estados Unidos e a União Europeia por mandarem armas para a Ucrânia se defender.
Ao tomar partido pró-invasor se descredencia completamente para ser mediador do conflito, como pretensa e arrogantemente se apresenta. E mais: suas declarações conflitam com a posição do Brasil no Conselho de Segurança da ONU que é de condenação da Rússia pela invasão militar a Ucrânia. Agindo dessa forma, repleta de contradições e equívocos, Lula coloca o Brasil em uma posição de absurda tolerância com os crimes de guerra cometidos pela Rússia.
Foi a Rússia que transgrediu os princípios tão propalados por Lula ao invadir a Ucrânia, destruindo sua infraestrutura, bombardeando prédios e casas residenciais, matando cidadãos inocentes, crianças e velhos, cometendo crimes contra a humanidade e pondo o mundo em risco potencial de uma nova guerra mundial.
Lula faria melhor se fosse mais comedido em seus rompantes e pronunciamentos apressados, próprios de um líder populista e não de chefe de governo de um país da importância e do prestígio do Brasil.
Há tempo ainda para que o presidente faça desse seu terceiro mandato a oportunidade para superar a condição de um líder populista que sempre o caracterizou para tornar-se um verdadeiro estadista, afastando em definitivo o risco do surgimento de um novo aventureiro político como Bolsonaro, à esquerda ou à direita do espectro político.
Foto: Ricardo Stuckert/PR