Imagine isso em sessões de comunidades dominadas pelo tráfico, pelas milícias, enfim, pelo crime organizado. Vai roubar cédulas, tumultuar.

A bancada do RCC News discutiu a aprovação na CCJ da Câmara Federal de um projeto que estabelece a impressão do voto e a contagem  manual de 5% das urnas em todo o país, no local de votação e pelos mesários. Observei as coerentes participações do Edivaldo, do Rigon, e até da Regeane, para mim surpreendente, pois disse que se lembra do tempo (imagino que era criança), pois salvo engano desde 1996, não se usa mais cédulas de papel, e ela parece bem jovem, mas disse que se lembra desse tempo. Quanto ao Kim Rafael, esse certamente não tinha nascido ou era um bebê e não sabia da confusão e número de fraudes que  o sistema de cédulas em papel propiciava. 

Destaco a coerência do âncora Paulo Caetano, que disse exatamente o que penso, que contar votos no local pequeno (geralmente uma sala de aula), vai virar um tumulto impossível de controlar. Penso que pode  até ser feito, desde que todas as urnas selecionadas sejam apuradas na Sede da Justiça eleitoral (ou menos num ginásio de esportes), com telão, segurança reforçada, para que isso seja possível. 

Imagine isso em sessões de comunidades dominadas pelo tráfico, pelas milícias, enfim, pelo crime organizado. Vai roubar cédulas, tumultuar. Imaginem quantas pessoas teriam direito de assistir (todos os candidatos a vereador). 

Mas não é só isso. Uma das funções seria  conferir o voto com o que apareceria na impressão. Extremistas poderiam dizer, no momento, que digitou um voto e a impressão saiu outro. Como fazer, para tudo para conferir? Haveria como identificar de mostrar que se trata de mentira, engano? Pararia tudo? Não dá, não não dá. 

Lembro que essa conferência já  é feita, previamente, com candidatos fictícios e conferido com fiscalização dos interessados, antes das eleições. Em resumo, até pode-se admitir o voto impresso, mas  de modo que o eleitor não possa ver a impressão, e a contagem aconteça sobre as vistas da Justiça Eleitoral, com toda a segurança, ainda que com o risco de serem roubadas no caminho. Não acredito que a lei passe no plenário da Câmara de do Senado, e se passar deve ser considerada inconstitucional pelo STF. 

PS: A Regeane aparenta uns 35 anos, logo não deveria se lembra do tempo.

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados