Moro ouve o que não quer na CPI

Senador criticou trabalho da Polícia Federal no dia em que ela prendeu banqueiro acusado de rombo der R$ 12 bilhões; diretor da PF rebateu cada questionamento do ex-ministro da Justiça
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, respondeu críticas feitas pelo senador Sergio Fernando Moro (União), que foi juiz federal e ministro da Justiça e Segurança Pública, a quem a PF estava subordinada. Ontem, durante a oitiva do diretor no Senado, a Polícia Federal realizava uma grande operação que terminou na prisão do dono do Banco Master, Daniel Vocaro, cumpriu mandados de busca e apreensão, fez apreensão de de R$ 1,6 milhão na casa de um dos diretores investigados. Havia anos no Brasil que um banco era liquidado por suposta fraude e prisão de seu presidente.
Durante uma reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado, Moro questionou publicamente o trabalho da Polícia Federal. Segundo ele, há uma “percepção” de que a PF tem falhado no combate ao crime.
O parlamentar questionou o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, sobre as operações e forças-tarefa da instituição dedicadas a desarticular organizações criminosas no país, como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital. À época, o diretor-geral da PF afirmou que não fazia “sentido” a participação da Polícia Federal na operação conduzida pela polícia do Rio. “Houve um contato no nível operacional informando que haveria uma grande operação e (questionando) se a Polícia Federal teria alguma possibilidade de atuação na sua área, no seu papel. A partir dessa análise geral, entendemos que não era o modo como a Polícia Federal atua, o modo de fazer operações”, disse Andrei.
O diretor-geral da PF também destacou que, segundo avaliação da superintendência da PF no Rio, a corporação não tinha atribuição legal para participar da megaoperação. “Naquela operação, que era do estado, havia mais de 100 mandados a serem cumpridos pela polícia do Rio, e nós não teríamos atribuição legal para participar; portanto, não fazia sentido nossa participação”, afirmou o chefe da PF.
Moro lembrou que a PF criou um grupo específico para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e questionou por que a corporação não havia feito o mesmo em relação ao CV e ao PCC. Em resposta, Andrei afirmou que “esses grupos (como a Ficco) são permanentes na atuação da Polícia Federal. Respondendo objetivamente: existem, sim. A exemplo do que foi feito com o crime organizado que tentou um golpe de Estado, nós também atuamos contra o crime organizado nas bases da Ficco e nas bases da Gise (Grupos de Investigações Sensíveis)”.
“E agora, cumprindo a ADPF 635 (das favelas), estamos atuando na operação Redentor II, no Rio de Janeiro, em razão dessas organizações”, acrescentou. O diretor também informou que a PF criou recentemente uma área voltada à análise de dados de facções criminosas, que tem atuado no mapeamento de lideranças e estruturas dessas organizações.
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
*/ ?>
