É possível acabar com a violência

O combate à violência foi  uma das principais propostas de todos os eleitos no último pleito. Muitos acreditam que para combater a violência é necessário uma polícia enérgica, que atire primeiro, sem preocupação com os direitos humanos dos suspeitos. Será que isso  resolve? Reflitamos a partir  da uma carta, de um jovem, dirigida a um governante que cometeu muitos desatinos  e que estava sendo julgado. Em resumo:
“Desejo-lhe, sinceramente, um julgamento justo de acordo com o direito. Tomara que ninguém bata no senhor, que ninguém o submeta a humilhações. Que não tapem seus olhos nem o atirem no chão para dar-lhe chutes e coronhadas.
Que não  lhe dêem  choques  elétricos. Que não o mutilem nem o afoguem em água suja, nem tentem asfixiá-lo metendo sua cabeça no saco plástico. Que não o ceguem e não quebrem os ossos de suas mãos. Que não seqüestrem seus irmãos nem façam maldade com suas filhas. Quero dizer, senhor, oxalá não façam nada do que os seus subordinados fizeram, sob suas ordens e responsabilidade, a milhares de cidadãs e cidadãos de vários países do mundo.
Desejo que organizem um julgamento justo e que preparem uma cela limpa e cômoda, onde possa passar os últimos dias sem frio nem fome. Não é nada pessoal. É que, se a gente conseguir isso, a humanidade terá dado um grande passo para o reencontro consigo mesma, e , por conseguinte, para a construção de um  mundo melhor”.
Nas palavras desse jovem, está a fórmula  para o início do combate à violência. Quando a humanidade compreender que é preciso  mostrar a outra face. A face oposta da violência é a não violência, a do desrespeito é o respeito. Quando deixar de combater a crueldade com métodos cruéis,  estaremos a um  passo da paz, e com a paz acaba a violência.
O jovem tem toda a razão em desejar um tratamento oposto ao que foi oferecido por  aquele líder arbitrário e equivocado. Se ao contrário, lhe fosse oferecida a violência como punição, seus juizes seriam como ele, e o círculo da crueldade jamais se romperia.
Jesus Cristo foi o grande Mestre da não violência e do perdão. Quando o soldado o esbofeteou perguntou com serenidade. ”Se errei, aponta o meu erro. Mas se não errei, por que me bates? “ Esse é mais um ensinamento  para se por fim à violência. Não revidar. Contra a ira, a prepotência, a arbitrariedade, ofereçamos a outra face e essa face só pode ser a da indulgência.
Certamente, muitos leitores acharão que estas proposições, baseadas em texto do Momento Espírita da FEP, são uma utopia. Que não é possível tratar um criminoso cruel, que não respeitou os direitos humanos das vítimas, dando lhe direitos . Que uma mãe que teve o filho assassinado não pode aceitar um bom tratamento ao assassino.  E se o assassino for o seu filho ?
Mas não podemos cruzar os braços. Façamos como o beija-flor, da história, que tentava apagar o incêndio na floresta levando água no bico. Se começarmos pelo nosso lar, abolindo qualquer tipo de violência com  familiares, propagando as idéias daquele jovem , selecionando os programas de rádio e televisão, jornais e revistas, preferindo os  edificantes, estaremos dando um grande passo para o fim da violência.
Os veículos de comunicação  poderiam repensar os programas policiais, deixando de estimular a violência das polícias, o ódio de vítimas e ouvintes, ou comemorar a morte de criminosos.
Que a violência , na terra, terá um fim, a Doutrina Espírita não nos deixa dúvidas. Quando isso  acontecerá? Em cinqüenta, cem, mil anos ou mais?  Só depende de cada um de nós. Pensemos nisso.

Valcir  Martins – Administrador – Maringá – PR