A nova Páscoa
Do padre Orivaldo Robles:
Quem passou a infância na roça, há mais de 60 anos, e sem referencial católico, como eu, lembra como era a semana santa. Coelho, chocolate, Páscoa, nem pensar. Ressurreição de Cristo, batismo, muito menos. Festa era o Natal, único dia do ano em que víamos guaraná. Furávamos a tampa da garrafinha e por ali a sugávamos para durar mais. Era também o dia da sobremesa, do manjar branco com calda de coco. Sem ameixa, que não chegava à venda da cidadezinha em que morávamos. Maravilha que só a mãe sabia fazer. Seu odor impregnava a casa inteira e seu paladar era único. Depois que a mãe, idosa e doente, parou de fazê-lo, não voltei a sentir aquele gosto em nenhum outro. Menos ainda nesses comprados, que já vêm prontos, em potinhos de plástico, com calda vermelha por cima. Servem para iludir as crianças, que jamais terão a chance de saborear a delícia antiga, que a mãe cozia no fogão de lenha.
Ah, sim, eu falava da Páscoa, festa máxima do calendário cristão, sobre a qual, na infância, não recebi informação. Nem eu nem os outros jacuzinhos, que moravam numa colônia de café. Ou em sítios da redondeza. Continue lendo ›