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Dando um tempo

O padre Orivaldo Robles, cujas crônicas são acompanhadas semanalmente por muitos leitores, vai dar um tempo. Será apenas em janeiro, felizmente, aproveitando o início do ano. Possivelmente em fevereiro ele voltará a produzir os textos, que este modesto blog também reproduz.

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Aos navegantes

Aos muitos leitores que se acostumaram às crônicas semanais do padre Orivaldo Robles neste espaço: ele ainda permanece em recesso literário. Há cerca de dois meses ele foi hospitalizado, por causa de uma pneumonia, e durante semanas permaneceu sob medicação. Agora padre Orivaldo está retomando a rotina, por se sentir melhor, mas ainda precisa de mais um tempo para voltar a escrever. Assim como os leitores, aguardamos a plenitude do grande cronista.

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Casamento e tempo

Do padre Orivaldo Robles:
padreorivaldo“Não podemos esquecer o tempo. Ele também passa pelo corpo que envelhece. A garota que conheci com vinte anos não é a mesma aos setenta. Existem ainda as enfermidades. Mas o mundo atual não quer que vejamos. Todos são jovens, bonitos, sem doenças. Ora, isso é contrário à experiência humana de todos os dias. Na hora da verdade, basta atravessar a rua para ver que a realidade é outra. Isso acontece porque há um materialismo de fundo que destrói o tempo. Porque não há vida interior e relação com Deus. A juventude e a obsessão com o corpo querem estar no mesmo nível que o espiritual. Se o corpo estabelece as regras de vida, tudo muda. A isso se acrescentam as enormes dificuldades econômicas que as famílias enfrentam; os problemas no trabalho, o desemprego, e até mesmo o fato de que o casal chega a casa exausto do trabalho. No final do dia, cada um viveu uma experiência diferente e não é possível compartilhá-la, porque a sociedade não permite. Tudo isso tem um preço, que é pago pela família. É preciso refletir sobre todos esses condicionamentos sociais da vida familiar”.
Quem passou dos setenta endossa as colocações acima, feitas por Georges Cottier, cardeal e teólogo pontifício emérito. É incrível com que brutalidade o tempo impõe ao nosso corpo transformações que, na infância e juventude, sequer em sonho calculávamos que aconteceriam. Até admitíamos que a vida é passageira, que a idade provoca mudanças. Mas não sabíamos, como agora, o que é suportá-las, quando chegam e se instalam.Continue lendo ›

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Nossas origens

Do padre Orivaldo Robles:
Em todas as edições o vestibular traz à nossa cidade um bando de jovens num colosso de ônibus de várias procedências. Alguns (ônibus, não estudantes) tornaram-se fregueses de nossas ruas e avenidas. A cada vestibular aparecem de novo. Sinto um prazer infantil em admirá-los. Sua elegante beleza é um convite a viajar para lugares desconhecidos. Lembram meu tempo de criança. Eu nem sonhava com outra forma de viajar que não de ônibus. Naquele tempo eles eram diferentes. No interior em que vivíamos, ônibus era uma gaiola comprida na qual se enfiavam quantos infelizes coubessem. Às vezes, até mais do que cabiam. Levados por centenas de quilômetros, o tempo parecia não ter fim. Conforto, nenhum. Espremidos no meio de sacos de mantimentos, de pacotes, quando não de frango ou de leitãozinho peado, os passageiros suavam como tampa de chaleira. Mães com nenê sofriam o que não sonhavam haver de sofrimento. O ambiente recendia a vestiário de futebol em tarde de dezembro. Só a necessidade fazia embarcar em tal carroção motorizado.
Agora, tudo é diferente. A vida mudou para melhor. Continue lendo ›

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Boas novas

Do padre Orivaldo Robles:
A quarta-feira desta semana começou com a promessa de coisas boas. Primeiro, foi-se embora aquele friozinho chato, que nos maltratava a nós, madrugadores da missa das sete, na Catedral. Caminhar pela rua às seis e dez da matina, com um irritante vento sul na cara, não é exatamente o jeito mais agradável de começar o dia. Com frequência me ocorre que bem melhor deve estar lá em cima, dentro do avião das seis, que todos os dias passa sobre nossas cabeças. Nesta quarta, a caminhada ficou mais agradável. Como noutros dias, vesti a jaqueta. Mas só por segurança. Não havia necessidade.
Em casa, na hora do café, o jornal falava da partida do Corinthians pela Taça Libertadores da América, a ser disputada à noite, no Pacaembu, contra o Boca Juniors. Embalava a esperança de um histórico triunfo, que viesse coroar 102 anos de sofrimento e glória. Menos de glória que de sofrimento. Porque, na opinião dos comentaristas esportivos, para o Corinthians tudo é difícil. Continue lendo ›