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O jacumóvel

Do leitor, depois de passar uma noite incomodado com os jacumóveis que circularam na avenida Tiradentes, em Maringá:

– Resultado de uma concepção indesejada, passou nove meses torturando quem lhe iria parir. Nasceu feio, magrelo e odiado pelo pai, pois sempre achou que ele foi vítima do golpe da barriga. O garoto sobreviveu apesar do abandono e indiferença dos pais e sua educação foi dada na base de cascudos que lhe aplicavam diariamente. Quando foi matriculado na escola mostrou-se mau aluno, não entendia nada do que era explicado, era fraco em aritmética e zero em português, porém era campeão em notas zero. Os colegas colocaram um apelido que caiu como uma luva: “Rascunho”.
Cresceu cheio de traumas, rancores e ódios e aprendeu na fase de puberdade, que a maneira de conquistar alguma coisa, era fazer chantagens em casa: Chorava, ficava sem comer e  cometia pequenas infrações e assim, percebia  o desespero dos pais que, por remorso, atendiam seus reclamos e vontades.
Depois que se tornou jovem tinha grande dificuldade de conquistar as garotas, por três motivos: O apelido, ser um analfabeto funcional e cheio de inseguranças e traumas.
O bem que conquistou após uma chantagem, bem conduzida, foi ganhar de presente um carro e colocar um som potentíssimo. Sente-se poderoso ajustando o som do equipamento no maior volume, com músicas  de gosto duvidoso. Usa desse expediente para se vingar de tudo e de todos. Esse é o principal motivo da existência dos jacumóveis.

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