De Marta Bellini na Folha de Maringá:
A recente notícia de que as espinhas das avenidas da Maringá serão desmanchadas, e por que não dizer, destruídas, assinala o destino dessa província: ser uma cidade qualquer em qualquer canto do mapa. Maldição? Pode ser. É a sina política das cidades do Brasil: fazer uma cidade para os carros. Em uma cidade para os carros, os homens não existem. As ruas não podem ter um canteiro central com plantas e suas flores. Isso é um incômodo para os automóveis. Nas árvores, sentam-se pássaros. Por problemas biológicos de qualquer ser vivente, eles defecam e esses restos fisiológicos caem nos carros. Essas árvores – na maioria ipês – não ficam com folhas o ano inteiro. Para que as flores nasçam nessa espécie, é necessário que elas se dispam de suas folhas. Jogam suas folhas para suprir de energia suas flores. As flores são a vagina e o útero das plantas. Abrem-se à reprodução de mais vida, de mais cores e da partilha sentimental com os insetos, esses seres alados que respiram e refestelam no pólen. Muita orgia para a Maringá conservadora. Na íntegra.