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Quando a cidade desperta

Do padre Orivaldo Robles:

Já passa das oito e a mãe continua a sacudir o filho para que deixe a cama. Desfeito o rosário de inúteis argumentos para convencê-lo, apela para o último, uma informação colhida no dia anterior: “Filho, você não sabe que Deus ajuda a quem cedo madruga? O Hércules da farmácia levanta cedinho, todos os dias. Ontem ele achou na rua um pacote de dinheiro com seis notas de cem”. Estremunhando, com voz pastosa de sono, o filho retruca: “É, mãe, mas o cara que perdeu levantou mais cedo que ele”.

Vai longe a época em que a população iniciava as atividades do dia antes do primeiro clarão de sol. Quem ditava o momento de abandonar o leito não era o alarme do celular, mas o canto do galo empoleirado na laranjeira do quintal. Isso se o nenezinho, quando havia um em casa, não aprontava o berreiro da hora de mamar. Levantar cedo vai tornando-se, em nossos dias, até motivo de caçoada. De maneira jocosa se afirma que o madrugador – pessoa idosa, quase sempre – levanta cedo para ficar mais tempo à toa. Na íntegra.

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