Descansem em paz

Do padre Orivaldo Robles:
Perguntou-me um senhor a opinião da Igreja Católica sobre a cremação de cadáveres. Não há hoje nenhuma repulsa. Objeção haveria se, como aconteceu no passado, ela exprimisse intenção de negar a ressurreição dos mortos, dogma de fé (=verdade revelada por Deus, indiscutível, pois). Mais que com sentimento religioso, a cremação atual tem a ver com problemas de espaço urbano e de meio ambiente. Sepultar os mortos é uma prática que se perde nas brumas da História. Expõe o dinamismo religioso arraigado no coração humano. Ensinam Rudolf Otto (1869-1937) e Mircea Eliade (1907-1986) que a morte pertence ao universo do sagrado, área exclusiva da divindade, na qual o homem avança às apalpadelas, como ser pequeno, confuso, cheio de temor. Todas as religiões cultivam algum modelo de piedosa convivência com o fenômeno da morte. Na íntegra.