O grande poeta achava que encher o tempo com programas de férias acabava desviando as pessoas das férias. Defendia a tese de que não deveríamos ajudar o tempo a passar, pois há uma doçura imprevista em sentir-se flutuar na correnteza das horas, em sentir-se folha, reflexo, coisa levada; coisa que se sabe tal, coisa sabida, mas preguiçosa. Caso lhe pedissem para contar o que fez nas férias, ele diria: ignoro, aos convites disse não, alegando estar em férias, alegação tão forte como a de estar ocupadíssimo; o pensamento errou entre mil avenidas, não se deteve em nenhuma; cada dia amadureceu e caiu como um fruto. Nada aconteceu? O não acontecimento é a essência das férias. Drumond sabia como gozar as férias.
Ivana Veraldo