A redenção do crucifixo mal usado na marcha das vadias do Rio de Janeiro

De João Henrique Lorin:
Vou relatar o que me passou hoje, 3 de agosto de 2013, sábado à tarde, por volta das 15h30 recebo a ligação meio falha de minha irmã Flávia, com voz um pouco trêmula, e muito barulho em volta, como em casa o celular da Tim quase não pega – que novidade – não estava entendo direito o que minha irmã falava, e no meio de gritos e muita confusão, escutamos: “Vou chamar a imprensa! Vocês não podem fazer isso!”. Depois de algumas ligações conseguimos descobrir que minha irmã estava no shopping Avenida Center em Maringá. Saímos, eu e minha esposa Ana, e em menos de dez minutos estávamos no local. Chegando lá, percebemos ao mesmo tempo a chegada da polícia, entramos e ficamos sabendo do ocorrido, um marginal extremamente perigoso, de aproximadamente 1m45 de altura, uns 50 kg, e 13 anos de idade, portando uma sacola, estava levando uma gravata de um segurança até franzino se comparado com o perigoso marginal (o segurança tinha aproximadamente 2m de altura e uns 130 kg).
O marginal perigoso roubou um desodorante numa loja do shopping, mas antes tinha comprado roupas em outras lojas. Minha irmã percebendo que o menino – não vejo de outra forma – estava sendo levado para um lugar reservado do shopping, por pelo menos três seguranças, ficou estarrecida com a cena e literalmente se atirou entre os seguranças, impedindo que eles fechassem a porta.
A situação começou a ficar sem controle quando, minha irmã, meu cunhado e meu sobrinho começaram a ouvir o coro tanto dos seguranças como dos transeuntes do shopping: “Leva o marginal pra casa! Querem defender bandido! Tem de dar um corretivo nesses bandidinhos!”. Mas a situação mais surreal de todo o ocorrido, foi um rapaz, com um crucifixo reluzente no peito daqueles usados pelos milhares pelos jovens na JMJ, histérico gritava: Tem que bater mesmo! Tomara que assalte a casa de vocês que defende bandido!
Pois bem, numa semana que tivemos uma enxurrada de informação sobre a JMJ com a visita do papa, esta ocorrência evidencia a hipocrisia de uma sociedade que dobra seus joelhos para fazer suas orações intimas, mas que o ódio e o preconceito ficam explícito em situações como essa!
Todos os seguranças e, inclusive os policiais, perguntavam, em tom ameaçador e ao mesmo tempo de deboche, se minha irmã era advogada! Como se para exercer o papel de qualquer cidadã ou cidadão consciente de um país que existem leis, precise ser um advogado! Enfim, mais um capítulo da nossa “Má-ringá” uma cidade que precisa e muito melhorar seu desenvolvimento humano, não só no índice IDH!