Dinheiro que Pupin quer dar para feira aeronáutica daria para comprar milhares de exames e consultas
Angelo Rigon
A propósito do R$ 1,5 milhão dos tributos dos maringaenses que o prefeito Carlos Roberto Pupin (PP) quer dar à organização de uma feira aeronáutica, ideia de seu coordenador de campanha, o chefe Ricardo Barros (PP), o vereador Mário Verri (PT) disse que o valor daria para comprar pelo menos 37,5 mil consultas médicas especializadas infantis, o mesmo número para consultas oftalmológicas, ou 120 mil radiografias comuns, 30 mil exames de mamografia ou ainda 15 mil ultrassonografias. Ele lembrou que a mesma feira foi realizada este ano em São José dos Campos (SP) e a participação da prefeitura daquela cidade se resumiu a apoio institucional – um stand para a divulgação das ações do município. Em Maringá, além do dinheiro, a prefeitura cuidará da infraestrutura (onde devem ser gastos cerca de R$ 6 milhões) e daria a concessão por 25 anos para a empresa organizadora utilizar a estrutura a ser montada no Aeroporto Silvio Name. O vereador Mário Verri (foto) ficou surpreso com uma declaração do prefeito, de que o evento reuniria cerca de duas mil aeronaves e 250 empresas. “Acredito que o espaço atual não comportaria tudo isso”, disse Verri. O questionamento levantado pelo vereador se fundamenta a partir de informações da administração do Aeroporto de Maringá, que a área do sítio aeroportuário é de 66,7 alqueires, o que equivale a 1.615.421,89 metros quadrados. A pista atualmente possui cerca de 2.100 metros e 11 hangares de propriedade do município cedidos por contrato de concessão às empresas num período médio de 15 anos. Ainda de acordo com a administração a área atual ainda permite a construção de mais três hangares. “Acredito que ainda há para onde o aeroporto crescer, mas não creio que seja tão rápido ao ponto de receber tal evento sem comprometer os voos comerciais”, apontou Mário Verri.
Ainda com relação ao valor da contrapartida da prefeitura para a realização do evento, no valor de R$ 1,5 milhão, os questionamentos são sobre a necessidade deste investimento, ainda mais quando há áreas onde as demandas são muito mais necessárias, como a saúde. De acordo com a tabela de preços de procedimentos do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Setentrião Paranaense (Cisamusep), referente a 2014, o montante de R$ 1,5 milhão daria para comprar milhares de exames e consultas. Tomando como base, por exemplo, radiografias mais comuns, seria possível o município comprar cerca de 120 mil. Ainda analisando os procedimentos mais procurados, seria possível comprar pelo menos 37.500 consultas médicas especializadas infantis, mesmo número para consultas oftalmológicas com exames. Com o mesmo valor o município também poderia adquirir 30 mil exames de mamografia ou 15 mil ultrassonografias obstétrica morfológica. “Fato é que o valor que a prefeitura pretende repassar para a realização deste evento poderia reduzir consideravelmente a fila de espera para exames e consultas em Maringá. Mas o interesse parece não ser esse para a prefeitura”, afirmou Verri.
Como parâmetro de comparação para destinação do mesmo valor, por exemplo, os R$ 1,5 milhão daria para proporcionar o tratamento de pelo menos 420 pessoas em uma comunidade terapêutica durante um ano. “Outro exemplo de como a prefeitura poderia investir recursos públicos de maneira correta e mais descente”, ressaltou o vereador.