O piá descobre o Clássico do Café
De Ayrton Baptista Junior, no blog Boleiros e Barangas, do Globo Esporte [a se lamentar, a Globo não dar o devido crédito ao filme exibido junto com o texto, um excerto do documentário acima, de Bohdan Hladü, produtor cinematográfico da Camera 35 e da Fama Filmes]:
Na minha adolescência, os livros de História e Geografia adotados pela escola destacavam o Brasil de uma forma geral, mas havia muito pouco do estado do Paraná. Este lapso foi para mim corrigido pelo Campeonato Paranaense de futebol. Eu ligo o rádio na B-2 e ouço o Carlos Kleina e o Oldemar Kramer informarem: “Hoje tem o Clássico do Café, em Londrina, e o Clássico da Soja, em Cascavel”. Por que café? Por que soja? Pergunto e percebo, ainda piá, a força agrícola paranaense.
Na revista Placar, textos do Roberto José da Silva e do Isnard Cordeiro destacam os times sempre os conectando com as respectivas regiões. Agora, sei que Bandeirantes tem uma usina de açúcar, conheço a literatura do londrinense Domingos Pellegrini e descubro que até os anos 1960 as equipes do Sul do estado só enfrentavam as do Norte na decisão porque dividir o campeonato em zonas (Sul, Norte e Norte Velho) era mais econômico e também porque antes da Rodovia do Café era mais fácil chegar à lua… do que ao outro extremo do estado.
De quebra, descubro que a Sônia Braga, que o mundo trata como baiana desde Gabriela, é de Maringá, cidade que visito pelas crônicas do Luiz Carlos Rizzo aos domingos n’O Estado do Paraná. Rizzo escrevia com elegância do parafuso encontrado na calçada diante da catedral à história do Grêmio Maringá campeão em cima do Seleto de Paranaguá em 1964. O Campeonato Paranaense so não me respondeu ainda porque o Luiz Carlos Rizzo não escreveu (ainda!) um livro.
Por isto, agora que o interior volta a mostrar força, digo que (para mim) o Campeonato Paranaense sempre valeu muito. E ficou melhor ainda depois que o piá soube porque tem um jogo chamado de Clássico do Café.
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O primeiro jogo que este piá viu ao vivo não aconteceu em Curitiba. Foi o amistoso Londrina 4 x 0 Centenário (de Centenário do Sul), numa manhã de 1976, no ainda fresco e imenso estádio do Café, com ingresso devidamente patrocinado pelo tio Bira. Não lembro dos lances porque eu e o Mário, um dos meus primos londrinenses, ficávamos pedindo para o Bira comprar sorvete. Valeu, Bira! Pelo sorvete naquele dia e pelo jogo até hoje.