De José Luiz Boromelo:
Esse parece ser o problema do brasileiro. No momento em que é instado a assumir suas responsabilidades, se mostra arredio e indiferente. Ignora e tripudia quaisquer iniciativas que visam mudar suas atitudes em prol da maioria, uma necessidade urgente diante da situação atual. Faz questão de externar sua intenção em não colaborar com a causa, mesmo ciente de que esse comportamento contraria a legislação pertinente. Demonstra contrariedade e revolta diante das câmeras que registram sua inexplicável e flagrante condição de omissão. A cena da retirada de caminhões de lixo e entulho de residências é o retrato fiel do sentimento que determinadas pessoas carregam consigo. A impressão que passam é a de que se acostumaram a conviver com a sujeira e que as campanhas educativas não têm o poder de alcançá-las, muito menos provocar alguma mudança de comportamento. São indivíduos totalmente alheios aos apelos freqüentes dos órgãos responsáveis e que requerem medidas coercitivas eficazes visando prevenir a proliferação do mosquito transmissor da dengue.
A garrafa descartável jogada pela janela do carro, o papel atirado no chão, a sacola plástica esquecida num canto qualquer e o acúmulo de materiais ao relento refletem o pouco interesse na preservação da saúde. Fiscalização rígida e constante, agentes públicos comprometidos com a atividade fim e o aperfeiçoamento dos dispositivos legais visando punir com rigor os infratores contumazes, tratando esse tipo de ocorrência como caso de polícia seria o caminho para fazer frente à epidemia que se alastra sem controle. Criar CPI para investigar atos da administração pode trazer resultados positivos, desde que seus integrantes não se deixem influenciar por interesses político-partidários em detrimento dos interesses da população. E se porventura for identificada alguma deficiência, que se apontem alternativas para sanar o problema. Assim teríamos os poderes realmente empenhados no bem estar da coletividade. Seria pedir demais?
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(*) José Luiz Boromelo, escritor e cronista