‘Indústria de multas’ e salvação

Salvo engano, em 2006 escrevi um artigo que foi publicado em O Diário, que permito reproduzir aqui, a propósito das discussões em torno das multas aplicadas, sobretudo num trecho do Contorno Sul. Eis o texto, em resumo:

‘Fui instado por um amigo a escrever sobre o problema das leis de transito e ser por voz de sua indignação contra o que considera ‘indústria de multas’. Contou-me que fora multado por excesso de velocidade, flagrado em operação da Polícia Rodoviária, com radar colocado em local de difícil visibilidade, e sem aviso.
Argumentei que em todas as rodovias há placas indicando os limites máximo de velocidade, mas meu amigo estava inconformado, por não haver sinalização indicando a a ‘ presença de radar’, entendo ter o direito de ser avisado.
Na verdade a maioria dos motorista só respeita os limites de velocidade nas proximidades de postos policiais, e para não serem multados. Muitos só usam cinto de segurança, não por acreditarem na necessidade, mas porque o não uso dá multa. E o problema se repete no trânsito urbano. Apesar da importância dos ‘pardais’ e dos ‘marronzinhos’ na disciplina do trânsito, lembro que alguns vereadores quiseram reduzir os poderes dos guardas e perdoar multas aplicadas a motoqueiros, num total contra senso, uma vez que as campanhas não surtem os efeitos desejados , só atingindo o bolso dos motoristas, com multas cada vez maiores e outras punições poderemos melhorar o trânsito. Quanto à possível ‘indústria de multas’, se todos cumprirmos os códigos regulamentadores, estará fadada à falência.
Mudando de trânsito para religião, há quem diga que exista a ‘indústria da salvação’, com venda de indulgência e promessa de prosperidade material, decorrente de um número cada vez maior de igrejas e líderes religiosos que se autodenominam ‘ homens de Deus”.Basta prestarmos atenção em alguns programas de televisão. Também aqui o problema passa pelo bolso. Quando tiverem confiança no que disse Jesus: ‘Que nenhuma ovelha ser perderá’. Acreditarem que todos seremos salvos, mais cedo ou mais tarde, em função das nossas obras e aperfeiçoamento natural. Que não necessitamos de intermediários para ‘ falar com Deus’. Que o demônio, como oposto do Criador, não passa de uma figura mitológica. Que não existem penas eternas. Certamente muitos deixarão de pagar pela ‘salvação’ (…) Concluindo, aos motivadores deste artigo, algumas palavras: Um dia, na Terra, e só depende da humanidade, não teremos necessidade de radares, policiais, multas, etc. Por hora, em virtude de nossas imperfeições, são controles necessários. Eliminar as ‘indústrias de multas’ e outras é tarefa de todos’.
Agora,digo eu ( Akino), vejo que passados 12 anos o texto permanece atual. Nós amadurecemos, mas vereadores continuam defendendo infratores, obviamente de olho nos votos. Fiéis ingênuos ainda são muitos, que fomentam a ‘indústria da salvação’. Em Maringá não existem indústria de multas, mas um grande número de infratores no trânsito.
Akino Maringá, colaborador

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