Não foi por falta de aviso

Ninguém pode dizer que foi surpresa o que o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, disse hoje ao passar por Maringá. Ele disse que não há previsão para o repasse de cerca de R$ 54 milhões que a família Barros ‘arranjou’ para o Hospital da Criança, obra de necessidade altamente discutível.

Ricardo Barros (PP), antevendo que isso iria acontecer, tratou de publicar no final de semana em suas redes sociais o andamento da obra, uma promessa de campanha que ajudou a reeleger a filha Maria Victória (PP). A ONG que administra a construção, que tem sede em Curitiba, chama-se Organização Mundial da Família e já recebeu, de acordo com o portal de transparência da Prefeitura de Maringá, R$ 74 milhões 180 mil – o que significa que as obras não vão parar tão cedo. Faltam R$ 54 milhões que o Ministério da Saúde, então nas mãos do PP, repassou ao governo, e mais a parte da ONG – que seriam US$ 10 milhões. Apesar do alto dinheiro público destinado para o Hospital da Criança – enquanto o Centro de Oncopediatria da UEM, com instalações físicas prontas desde 2013 não recebe os investimentos necessários, o que dispensaria a construção de outro hospital com o mesmo objetivo -, a ONG não disponibiliza uma prestação de contas dos mais de R$ 74 milhões do contribuinte, como exige a lei. E aparentemente não tem muita gente – entidades incluídas – interessada em cobrar.
O blog acompanha o caso desde o primeiro anúncio do Hospital da Criança e mostrou que outros hospitais tocados pela ONG curitibana tiveram problemas com prazo de entrega e precisaram até de intervenção do Ministério Público. Ou seja, nada do que está acontecendo deve surpreender quem tem acesso ao Google. E há quem aposte: o hospital, prometido para ser entregue em novembro do ano passado e agora com previsão só para o ano eleitoral de 2020, pode ser uma fonte geradora de más notícias daqui pra frente.

Advertisement
Advertisement