Evangélicos de verdade

“O Brasil e os evangélicos”, foi este o título de artigo que publicamos em 2003, em O Diário, que nos parece atual, diante da insistência do presidente Bolsonaro, usando a expressão tremendamente ou terrivelmente evangélico, para se referir a ministros, como André Mendonça e Damares, dizer que pode indicar alguém muito evangélico para o STF. Volto ao assunto para reflexão com os leitores, promovendo adaptações do texto original.

Evangélicos, entendemos, são todos aqueles que mesmo não o conhecendo pautam suas vidas  no maior código de moral e ética já elaborado, o Evangelho, onde são narradas passagens da vida e ensinamentos, com exemplos, de Jesus Cristo quando encarnado, com a visão dos quatro evangelistas, cujos textos permanecem atuais

Portanto, são evangélicos todos os católicos, protestantes, espíritas e  de outros cultos, e até os ateus e não cristãos, que seguem os princípios do cristianismo resumidos pelo Mestre de Nazaré em dois mandamentos: ‘Amar a Deus, acima de qualquer coisa’ e ‘ao próximo como a si mesmo’. Amar não quer dizer sair por aí dizendo da boca pra fora, que ama. Amar é não desejar ao mal e fazer todo o bem que estiver ao alcance para ajudar, colocar-se no lugar do próximo simplesmente perguntando, para tirar dúvidas de como agir em qualquer situação: E se fosse comigo? E se todos fizessem? Ampliando um pouco mais, seriam todos os que não perseguem inimigos, que não guardam mágoas, que perdoam sinceramente. Em resumo, evangélicos são pessoas honestas, honradas, probas, justas, escrupulosas, decentes, decorosas, recatadas, dignas de confiança, não importando a prática da religião (não confundir com protestantes, crentes, e outras formas definições para grupos religiosos).

Neste sentido, só os evangélicos de verdade podem realmente mudar o Brasil e transformá-lo num pais justo, com melhor distribuição de renda, com menos violência e com correta aplicação dos recursos públicos, sem corrupção, ou pelo menos com um combate sério, efetivo aos desvios éticos dos não evangélicos, porque, repito, evangélicos verdadeiros não cometem atos de corrupção, crimes, e se o fizerem delatam-se imediatamente, confessando,não a um sacerdote, mas às autoridades competentes, porque sabe que Deus tu vê, tudo sabe, e não tem representantes na Terra com poderes diferenciados.

Um dos problemas mais sérios do Brasil, dizia eu no artigo escrito há mais de 15 anos, é a criminalidade, notadamente o ‘crime organizado’. Para combatê-lo com mais eficácia bastariam medidas óbvias que dificultassem a lavagem de dinheiro e a utilização do dinheiro sujo, seja internamente ou remessa para exterior, que punissem a receptação e criassem penas mais rigorosas que acabassem com a sensação de impunidade. Vejam que parece que eu antevia o pacote anticrime e a atuação do ministro Sérgio Moro, que tentou, mas não conseguiu por falta condutas verdadeiramente evangélicas, no Congresso, no Executivo e no Judiciário, inclusive do próprio presidente da República, que se elegeu com essa bandeira.

Para um Brasil melhor precisamos de vereadores, deputados e senadores evangélicos, isto é, realmente honestos, que não estejam comprometidos com a lavagem de dinheiro, que não se utilizem de caixa dois, que não recebam doações de criminosos e empresários com interesses escusos. Escolhê-los é tarefa para eleitores evangélicos, escrevi no texto original.

Para a implementação e cumprimento dessas ‘leis evangélicas’ é necessário que tenhamos pessoas com esse perfil no judiciário, nas polícias, na receitas federal e estadual, no ministério público, nos bancos, nas imobiliárias, nas corretoras de valores mobiliários, nos tribunais de contas, enfim em todos os órgãos públicos municipais, estaduais e federais. Sejamos otimistas que isso é possível se fizermos a nossa parte, examinando nossa consciência, cada um. Será que somos honestos e não temos culpa pela situação caótica? E você ,que se diz, é realmente evangélico? Ou seria um falso cristão, um enganador, como enganadores são os que vivem citando passagens bíblicas, como uma do Novo Testamento: ‘E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. ‘

O Brasil precisa de evangélicos de verdade, independente da religião, com coragem de se declarar. O mal só prevalece porque os bons, que são muitos, são tímidos muitas vezes, e se omitem. Só há corrupto em razão do corruptor. O mito não é verdade. Só a verdade nos libertará. Não pode ser só retórica que o Brasil está acima de tudo, inclusive dos falsos cristãos. Que os evangélicos de verdade prevaleçam

(Foto: Thomas Costello)

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