A vida não é curta

É comum ouvirmos, dizermos, concordarmos com o contrário do que diz o título. Que a vida é curta e é preciso aproveitá-la , pois tudo passa muito rapidamente.

Hoje ao abrir o Jornal do Povo (quinta-feira, 11/02/21) na coluna do Verdelírio, e ler mais  uma notícia de morte, a do Dr. Iracir Roberto Ferreira, o Dr. Roberto como conheci em 1975, companheiro de futsal na AABB de Nova Esperança, nós funcionários ele e Dr. Juarez, médicos do maior hospital da cidade, pensei, pensei…

Com 75 anos, como o Jesus Soares Martins, advogado, meu vizinho Walfrido, com 78 e tantos e tantos amigos, parentes conhecidos que voltaram a Mundo Espiritual, pelo fenômeno chamado de morte, para muitos o fim da vida. Na mesma coluna, a notícia da partida de um empresário de 40 anos e cedo do Rigon noticiou a do Geasi, que foi meu vizinho, com 51. Como é breve a  existência  humana!

De fato, se consideramos 75 anos uma vida, diante da eternidade é um período muito curto. Mas viver demora muito, disse o jornalista Edivaldo Magro, um dos melhores textos filosóficos da cidade, em recente postagem sobre à qual ousei dar o título , reproduzir e comentar, postando do Blog do Rigon. Eis :            Ouso colocar o título para fazer uma reflexão sobre um texto do meu amigo Edivaldo Magro. Ele escreveu: ‘Cada um tem seu tempo. A maturidade não vem com ele. Vem com a experiência.De amores não vividos, não correspondidos. De amores sofridos. De perdas, recomeços, traições, decepções. De sofrimentos aplicados pela vida. Impostos pelo destino. Só depois de tudo isso vem a compreensão. O entendimento simples que a vida é breve. Tarde demais para repensar. A retrospectiva, enfim, ensina: ‘viver demora muito’.

Caro Edivaldo, caros leitores, permitam-me: Viver realmente demora muito, pois a vida é eterna, separada por existências físicas e na erraticidade (quando estamos sem um corpo físico).Se considerarmos os 70,80, 100 anos, que muitos julgamos ser o tempo da vida, a maturidade vem com o passar do tempo, depois dos 40,50,60. Com amores não vividos, não correspondidos, sofridos, traições e decepções. Mas a vida não é breve. A existência no corpo  é, como menos de um segundo, diante da eternidade.

 Viver demora muito. Hoje estamos aqui, eu, você, o Agnaldo, o Rigon, a Marcela Rossini e todos os leitores. Outros já estão do outro lado da vida, como o Edson, o Frank, Fabretti, Paulo Mantovani e tantos e tantos, mas igualmente vivendo. Bem ou mal, não sabemos, ganhando ou perdendo, desconhecemos. Logo, ou não tão logo, estarão de volta e nós estaremos lá.

 A vida é como uma longa estrada, como diz a música de Milionário Zé Rico. Viemos, voltamos, voltamos, iremos, até chegarmos ao ponto de não precisarmos mais passar por tudo isso que vivemos aqui na Terra. Viver encarnado, não é fácil. Estar desencarnado, depois de não viver bem, é mil vezes mais complicado. Alguns, talvez muitos, não acreditarão. A esses recomendo uma reflexão profunda. Se puderem leiam, pesquisem na internet, por imortalidade da Alma (há algo muito interessante num Livro de Santo Agostinho).’

Então? Se a vida não curta, como pensamos. Se viver demora muito, como disse Edivaldo Magro. Se temos que aproveitar, como dizem muitos. O que fazer para alcançar o paraíso ( vida boa), seja ‘em vida’ ou depois do túmulo ou da cremação do corpo?

Reflitamos sobre uma frase e um comentário, seguido de uma frase: ‘ Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem’ ( Lucas, VI:31). ‘O reino dos céus é comparável a um rei que quis tomar contas aos seus servidores. – Tendo começado a fazê-lo, apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. – Mas, como não tinha meios de os pagar, mandou seu senhor que o vendessem a ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que lhe pertencesse, para pagamento da dívida. – O servidor, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Senhor, tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo” – Então, o senhor, tocado de compaixão, deixou-o ir e lhe perdoou a dívida. – Esse servidor, porém, ao sair encontrando um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, o segurou pela goela e, quase a estrangulá-lo dizia: “Paga o que me deves.” – O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo: – Mas o outro não quis escutá-lo; foi-se e o mandou prender, para tê-lo preso até pagar o que lhe devia.
Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, foram, extremamente aflitos, e informaram o senhor de tudo o que acontecera. – Então, o senhor, tendo mandado vir à sua presença aquele servidor, lhe disse: “Mau servo, eu te havia perdoado tudo o que me devias, porque mo pediste. – Não estavas desde então no dever de também ter piedade do teu companheiro, como eu tivera de ti?” E o senhor, tomado de cólera, o entregou aos verdugos, para que o tivessem, até que ele pagasse tudo o que devia.’

‘É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará, se não perdoardes, do fundo do coração, as faltas que vossos irmãos houverem cometido contra cada um de vós’, consta no Evangelho(S. MATEUS, 18:23 a 35.), nos ensina do Mestre de Nazaré.

E podemos resumir que tudo o que devemos fazer para viver bem,  está  sintetizado em dois mandamentos: ‘Amar a Deus acima tudo. Ao próximo como a si mesmo’. Mas se você não acredita em Deus, em tudo que for fazer pergunte: E se fosse comigo ? E na prática do perdão e perdoar não é esquecer, mas não desejar vingança direta ou indireta. Perdoar  é seguir em frente, vivendo e aprendendo a viver, como diria o poeta.

(Foto: Josh Willink)