Um grupo de pessoas que defende o tratamento precoce contra a covid-19 – que é ineficaz segundo cientistas do planeta – divulgaram nesta noite, em aplicativos de mensagens, convocação para aglomeração/manifestação amanhã a partir das 8h no pátio da praça da Catedral, “em apoio à Rede Cross”. O hospital, vinculado ao plano de saúde PAM, foi notificado pela 14ª Promotoria de Defesa da Saúde, por 3estar oferecendo tratamento gratuito para pessoas com sintomas leves da covid-19.

O Ministério Público pede que a Rede Cross explique detalhadamente o tipo de tratamento que está sendo ofertado e o interesse em fornecer esses cuidados de forma gratuita. Deve ainda especificar quais medicamentos são ofertados e as comprovações científicas que amparam a utilização no tratamento contra a doença. O estabelecimento confirmou em rede social e que se trata de uma iniciativa conjunta com empresários locais (leia mais). O procedimento do MP foi instaurado a partir de um ofício encaminhado às autoridades sanitárias locais pela vereadora Ana Lúcia Rodrigues (PDT), que desde então passou a ser atacada e ameaçada nas redes sociais. Por trás da convocação do ato desta terça, uma hora e meia antes do início da sessão ordinária da Câmara de Maringá, estariam os mesmos empresários que patrocinam a distribuição gratuita de ivermectina. A Merck, fabricante do vermífugo, informou que ele não tem eficácia contra a covid.

A manifestação de amanhã faria parte de uma série de eventos patrocinados por empresários bolsonaristas/negacionistas. A estratégia incluiu entrevistas na mídia local do médico do Trabalho que atende a GTFoods, Adler Menezes Dourado, e do ex-vereador Heine Macieira, defensores do tratamento precoce. Macieira chegou a ter sua conta numa rede social suspensa por excesso de apologia ao tratamento que não tem comprovação científica. Ele também postou em sua página uma arte que circula em redes sociais sobre a eficiência do medicamento. A Agência Lupa provou que trata-se de fake news.

De acordo com o especialista Átila Iamarino, tratamento precoce é negacionismo da covid. Ele cita o pesquisador Jonathan Berman, segundo o qual quem defende o tratamento precoce “usa conspiração pra refutar quem nega, usa falsos experts, escolhe os poucos dados a favor, exige que se prove o que não pode ser provado e usa lógica defeituosa. Diagnóstico: negacionismo”.