Bolsonaro faz de ‘um tal de Queiroga’ fachada científica para a mortandade

De Josias de Souza, no UOL:

O Brasil deixou de ser um país. Virou zona de guerra. A nação está sendo atacada pelo capitão que ocupa o Planalto camuflado de presidente. Cada novo discurso de Bolsonaro é uma bomba sanitária disparada contra os brasileiros. No penúltimo ataque, o inimigo mascarado que se finge de presidente anunciou que “um tal de Queiroga” foi orientado por ele a “ultimar um parecer” para “desobrigar o uso de máscaras” por pessoas vacinadas ou contaminadas pelo coronavírus. A ofensiva tem efeito devastador.

Vinte em cada dez infectologistas avaliam que o abandono da máscara num país em que apenas 11% da sociedade foi premiada com duas doses de vacina produzirá mais morte. O “tal de Queiroga”, suposto ministro da Saúde, não ignora o potencial de letalidade da providência. Mas declarou que vai “estudar” a matéria. Não se sente pressionado. “O presidente não me pressiona. Trabalhamos em absoluta sintonia. […] O presidente sempre nos aconselha de maneira muito própria…”

Queiroga abriu a semana declarando na CPI da Covid o seguinte: “A maior oportunidade da minha vida quem me deu foi o presidente Bolsonaro.” Nos dias subsequentes, o hipotético ministro da Saúde assistiu em silêncio ao bombardeio do capitão contra o Brasil. Rasgando a máscara, o presidente equiparou vacinas à cloroquina, disse que a contagem de mortos por covid está superfaturada em mais de 50%. E proclamou: o que salva vidas é o tratamento precoce.

Bolsonaro não destrói apenas a saúde. Ele ataca frontalmente a inteligência brasileira. Queiroga não se limita a obedecer. Soando como um sub-Pazuello, o doutor diz estar “em sintonia” com o chefe, de quem recebe orientação “muito própria.” Leia mais.

(Foto: Marcos Corrêa/PR)