Desconfiança é o fermento do golpe

Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria

De Miriam Leitão, em O Globo:

O Brasil está na pior crise institucional desde a redemocratização e é preciso entender os elementos desta crise. Todos os autocratas que conspiram contra a liberdade usam a estratégia de atacar o sistema eleitoral. Foi assim com Trump, foi o que fez a Venezuela chavista, foi a estratégia de Viktor Orbán na Hungria. Houve uma escalada das agressões do presidente Jair Bolsonaro contra a urna eletrônica nos últimos dias. Ele não faz isso apenas para defender o voto impresso. Ele mira mais alto. Quer a desconfiança no sistema eleitoral, almeja o conflito social, porque essas são as bases do golpe que pretende dar.

A última semana foi diferente, pela natureza da reação do Judiciário. Em vez de notas de repúdio, um inquérito administrativo aberto no TSE e uma notícia-crime apresentada, pelo TSE, ao STF. O ministro Alexandre de Moraes aceitou a denúncia e incluiu Jair Bolsonaro no inquérito das fake news. O presidente Bolsonaro ameaçou explicitamente agir fora da Constituição. O ministro Luiz Fux, diante da escalada de agressões, suspendeu a reunião entre os poderes e apontou para o responsável: “o presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte”. Normalmente os pronunciamentos abusam das orações sem sujeito, e o país tem que depreender de quem se fala. Desta vez, foi diferente. Leia mais.

(Foto: Governo da Hungria)