Como se esperava, a praça Napoleão Moreira da Silva perderá parte de seu desenho e material original, feito pelo arquiteto José Augusto Bellucci – o mesmo que fez a Catedral de Maringá, símbolo maior da cidade, e o Grande Hotel. A adulteração da praça acontece com conhecimento e autorização de integrantes da Comissão Especial de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Maringá, formada também por servidores públicos municipais. A mureta original, feita com tijolos produzidos pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que planejou a cidade, está sendo destruída e será reconstruída com outro material.
Da mesma forma, desaparece o contorno branco ao redor do centro da praça, que, segundo antigo funcionário da CMNP, reproduzia o mapa do Paraná. Este é considerado o ataque à história da cidade mais profundo desde a derrubada da Estação Rodoviária Municipal Américo Dias Ferraz, em 2010. Travestida de revitalização, a nova praça trará outros nomes como coautores. Desfigurada, a obra de Bellucci nunca mais será a mesma. Falecido em 1998, aos 91 anos, Belluci formou-se pela Escola de Belas Artes de São Paulo (1929-1933).
Confira, ipsis literis, o teor da ata da 83ª reunião extraordinária da Comissão Especial de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Maringá (CEPPHAC), cujo teor não aparece em busca feitano Diário Oficial de Maringá:
“Aos 28 de Janeiro de 2020, no Teatro Calii Haddad e nas instalações da Gerência de Património Histórico, estiveram reunidos os seguintes membros da CEPPHAC: Edson Luiz Pereira, Isabella Soares Egito, Loide Caetano, Carlos Eimar Mariucci, Luciana Sgarbi, Fernando Dias Marquioto, e os convidados: João Laércio Lopes Leal (servidor da SEMUC), Veroni Friedrich (servidora da SEMUC) e Alessandra Corsato Hoffmann (servidora da SEPLAN), além da Secretária da SEPLAN Bruna Barroca e Fernanda Maróstica do IPPLAM. Iniciando as discussões. o Sr. Edson Luiz Pereira destacou a pauta da reunião. a saber. apreciação e votação da proposta de revitalização da “Praça Napoleão Moreira da Silva”, essa elaborada pelas Arquitetas Bruna Barroca (SEPLAN) e Fernanda Maróstica (IPPLAM ). Usando a palavra, ambas destacaram o local enquanto uma referência histórica, por ser portador de memórias no campo da politica. da economia e uma referência ao processo de formação de sociabilidades entre os maringaenses. bem como. as mesmas frisaram o valor de tal localidade para a compreensão de etapas da urbanização do município A Sra. Fernanda Marostica pontuou também que a praça é uma marca da atuação do Arquiteto José Augusto Belluci em Maringá, portanto, essa possui um significativo valor arquitetônico e paisagístico. A Sra Bruna Barroca observou que diante de tais valores, foi elaborado um projeto de intervenção cuja proposta é a manutenção do maior número possível de elementos, tais como parte expressiva dos bancos. platô. porções do piso e parcela da vegetação. Sequenciando, a Sra. Fernanda informou que o projeto de revitalização que expunham apresentava novos elementos para a composição da praça, a saber uma fonte interativa e um playground. A Sra. Bruna Barroca observou a necessidade de organização das atividades já desenvolvidas na praça, isso a partir de delimitações precisas para o funcionamento do playground, das barracas que integram a feirinha. das bancas de jornais e revistas, quiosque do estar, sorveteria e mesas que conformam a área de jogo. Aspectos esses que. em acordo com ela, foram contemplados no projeto. O Vereador Carlos Eimar Mariucci destacou a importância da manutenção e revitalização da área destinada à feirinha, posto que essa é urna atividade que promove rendimentos e confere identidade aos artesãos da cidade, porém, sugeriu que a feira poderia ser transportada para o outro extremo da praça. A Sra. Bruna Barroca pontuou que inicialmente consideraram tal possibilidade, porém, necessidade de preservação e revitalização de elementos ali dispostos, tornava tal modificação inviável. O Vereador salientou que diante do exposto entendia a necessidade da continuidade da feira no local original. O historiador João Laércio expressou a pertinência da constituição de um memorial que serviria para registrar a historicidade do local. Pontuou que é importante isso, porque a localidade antes de ser a “Praça Napoleão Moreira da Silva” foi praça da rodoviária, isso em 1948. Em uma segunda indagação o Vereador Carlos Manucci comentou sobre os bancos originais. expressando que o ideal seria a preservação destes na integra, a Sra. Fernanda Marástica concordou com tal principio, porém, disse a proposta que é de uma conciliação entre os bancos antigos e outros mais contemporâneos, posto que alguns entre os originais estão bastante danificados. Feita essa exposição, o Sr. Edson perguntou se os membros demandavam mais esclarecimentos sobre o projeto apresentado, no caso, para que a votação fosse iniciada. Não havendo dúvidas, o mesmo deu abertura ao processo de emissão dos votos. A Sra. Luciana Sgarbi iniciou a votação, manifestando-se favoravelmente, observou que o projeto contemplava as indicações e sugestões de preservação dadas pela CEPPHAC quando das conversas sobre o tombamento da praça. A membro Isabella Soares Egito emitiu voto favorável e observou que a proposta de revitalização ora apresentada era bastante respeitosa quanto à preservação dos elementos de natureza histórica na praça. O vereador Carlos Mariuci observou que o projeto é satisfatório. que traz uma harmonia entre a Maringá do passado e a que estamos constituindo. O membro Fernando Marquioto destacou que o projeto preserva as características históricas. observou que o mesmo ainda alia custo e beneficio, especialmente no que diz respeito às fontes, e, por fim, emitiu voto favorável. O Sr. Edson expôs que o projeto é surpreendente porque apresenta traços de uma modernidade bastante interessante, que conjuga espaços antigos e modernos. Destacou que o mesmo preserva algo fundamental, o traçado feito pelo arquiteto Bellucci, portanto, seu voto somente poderia ser favorável. Os membros Francisco Peralta, Loide Caetano parabenizaram as Senhoras Fernanda Maróstica e Bruna Barroca, emitindo voto favorável a sua execução. Concluída a votação, Sr. Edson registrou que contabilizava-se a aprovação revitalização da “Praça Napoleão Moreira da Silva”, e de forma unânime. Em seguida, observou a vacância do representante do Departamento de História/UEM na CEPPHAC, e, que isso seria solucionado com o ingresso do historiador e professor Reginaldo Benedito Dias. Informou ainda sobre a solicitação do IPPLAM em ocupar uma cadeira na CEPPHAC. Registrou-se posição favorável dos membros, posto que o órgão -seguindo a legislação-. deve pensar o planejamento citadino em consonância com a salvaguarda dos bens culturais, especialmente no que concerne as edificações. Após esses informes, o Sr. Edson pontou que os trâmites burocráticos seriam providenciados pra que representante da UEM e do IPPLAM ocorresse. Nada havendo para ser tratado, o mesmo encerrou a reunião, e ,eu, Veroni Friedrich, lavrei a presente ata, que foi assinada por mim e pelos demais. (Seguem-se cinco assinaturas)”