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Novo Centro de Niemeyer não está na memória das pessoas

Uma das versões de Oscar Niemeyer para o novo Centro de Maringá

De Jeanne Christine Versari Ferreira, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UEM, na dissertação “O processo de privatização do espaço do Novo Centro de Maringá-Paraná: agentes, imagens e discursos”, em julho de 2017:

Notamos que nesse processo, independente da gestão municipal, há um aparelhamento entre as ideias defendidas pelos investidores, pelo poder público e pela mídia. Ainda que o poder Legislativo não participasse diretamente de algumas ações, tais como as vendas dos terrenos, elas eram legitimadas, incorporando-as nas legislações.

As consequências desse processo na paisagem atual, ainda não estudadas detalhadamente, merecem uma atenção especial nas próximas pesquisas. A área do Novo Centro de Maringá pode ser estudada em diversos pontos de vista, tais como os parâmetros urbanísticos de ventilação e insolação que já apontamos; a densidade habitacional da área e a porcentagem de ocupação dos edifícios existentes; estudos dos valores dos contratos, pagamentos e respectivas fontes e recursos; valores imobiliários da área; entre muitas outras possibilidades.

Diante de toda essa conjuntura, podemos afirmar que os desenhos de Niemeyer, se apresentassem os objetivos que perseguimos como arquitetos urbanistas, não teriam os atingidos, pois não tiveram importância nenhuma para a construção da paisagem do Novo Centro como ideias para um projeto de cidade e de urbanidade.

O projeto foi utilizado com o objetivo de ser imagem especulativa, estímulo que não é absorvido pela consciência e, por isso, é instrumento de dominação. Do Projeto Ágora de Niemeyer, nenhum risco restou. A sua imagem nem sequer está na memória das pessoas, foi dissipada da consciência. Do espaço público, nenhum traço de urbanidade.”

(Foto: Ateliê Gilberto Antunes)


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