Barros diz que ele garantiu recursos para os equipamentos do Hospital da Criança

Entrega de recursos para finalização das obras do Hospital da Criança, em setembro de 2022

O deputado federal Ricardo Barros (PP) publicou em redes sociais que conseguiu garantir os recursos para a compra de equipamentos para o Hospital da Criança de Maringá, atendendo a um pedido do prefeito Ulisses Maia e com apoio da deputada estadual Maria Victoria, sua filha, “idealizadora deste projeto tão especial para Maringá e região”. Algo há, diria Timbó.

É que se tinha tudo certo com relação aos equipamentos, que seriam da parte da ONG Organização Mundial da Família, que tem sede em Curitiba. Como agora todos os três do clã têm residências na capital do estado, estão chamando a ONG de Organização Mundial da Família Barros. A mulher de Barros, Cida, é “embaixadora” da ONG.

Pelo contrato assinado com o município, a ONG entraria com US$ 10 milhões. Antes da eleição de 2022, em que houve a dobradinha dos Ricardo (Maia para estadual, Barros para federal), o município cobrava a parte da ONG. Como se repetiu em outras cidades, onde a OMF se meteu a fazer hospitais, o de Maringá está atrasado desde que foi anunciado, em 2017, para ficar pronto em 8/9 meses, em 2018. Em setembro do ano passado, foram entregues R$ 9 milhões para finalizar a obra, totalizando mais de R$ 153 milhões. O orçamento estadual de 2023 prevê repasse de R$ 50 milhões para implementação e funcionamento do hospital que, se funcionar como previsto inicialmente, pode consumir R$ 200 milhões por ano.

De lá para cá passaram-se três campanhas eleitorais – e agora se sabe, através da postagem do ex-líder de Bolsonaro, que o prefeito (ou prefeitura?) pediu a compra dos equipamentos. O município já gasta com vigilância e contratação de empresa para gestão do hospital, o que faz o custo do HC cada vez maior antes mesmo de entrar em funcionamento.

Como a ONG havia entregue projeto em que se previa a entrega completa, incluindo equipamentos, cabendo ao município as obras do entorno do prédio, alguém terá que prestar contas à comunidade. As obras do entorno completaram um ano em novembro. Além de motivo de ser chamado de elefante branco, que deve começar a funcionar em março ou abril como um postinho de saúde e não como hospital para tratamento de câncer e doenças raras, o Hospital da Criança é algo em que aparentemente todos evitam mexer.

A obra é supervisionada não pela Secretaria Municipal de Saúde e sim pela Agência Maringaense de Regulação, comandada pela ex-servidora aposentada e ex-secretária da Saúde Maria da Penha Marques Sapata, que foi apoiadora técnica do Ministério da Saúde e consultora do Cosems-PR. Um observador da área diz que, se se fizer um pente-fino no HC, vão encontrar coisas que deixarão incrédulos e até beatos de cabelo em pé.

Foto: AEN