Polo de Cinema agora é de utilidade pública

Representantes do Polo na sessão; Padilha, citado como presidente, está ao centro, de terno e gravata

A Câmara de Maringá aprovou hoje, em segunda discussão, o título de utilidade pública para a Associação Cultural de Cinema do Paraná (Procinema), também conhecida como Polo de Cinema, com sede em Maringá.

O título, proposto em outubro do ano passado pelo vice-presidente da Câmara, Mário Verri (PT), é concedido a entidades, fundações e associações civis como forma de reconhecê-las como instituições sem fins lucrativos e prestadoras de serviços à sociedade e permite à organização inscrever-se em editais e receber recursos públicos.

Durante a sessão de hoje, com representantes da Procinema, Verri chamou de presidente da entidade José Carlos Padilha, mourãoense que trabalhou na 1ª Vara do Trabalho de Curitiba. Na verdade, porém, o presidente da entidade, fundada em dezembro de 2016, é, de acordo com a Receita Federal, Orlando José Chavatta Alves. Ele foi dono da Cinelando Produções Artísticas e Publicidade Ltda – Maha Comunicações, de São Paulo, e hoje tem empresa de produção de vídeo na Vila Morangueira. Já o Polo de Cinema tem como endereço um apartamento na avenida Horácio Raccanello, 5.410.

Apresentado como presidente da entidade pelo vereador Mário Verri, o ex-servidor público José Carlos Padilha, 56, ator e diretor de espetáculos, está com os direitos políticos suspensos em razão de condenação criminal por peculato (‘Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio’). Ele foi condenado por emitir guias falsificadas de processos arquivados na Justiça do Trabalho, em processo com o uso de gravação considerada prova legítima.

Na justificativa lida pelo vereador, o polo atuou pela aprovação das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, garantindo R$ 18 milhões para a cultura local nos próximos cinco anos, o maior aporte já verificado no setor. Outros R$ 18 milhões em recursos federais serão aportados, informou a entidade, que anunciou a geração de milhares de empregos na área até o final do primeiro semestre deste ano.

A ideia do Polo de Cinema foi levada a autoridades municipais e estaduais, há mais de dois anos, mas sem resultados práticos. Paulínia (SP), tida como capital do cinema brasileiro por causa do apoio gerado pelo petróleo, não possui mais seu polo cinematográfico, que recebeu investimento de mais de R$ 450 milhões. Lá, a indústria do cinema começou a ser bancada em 2007, com recursos da Replan, maior refinaria de petróleo do Brasil.