Documento de doação de área do Hospital da Criança é entregue ao município
Exatamente um mês após a publicação aqui, o município de Maringá recebeu formalmente a doação do terreno de 88.636,23 m², localizado na avenida Brasil (antiga avenida 6), nº 662, lote 33, bairro Centro Cívico, onde se encontra o Hospital da Criança de Maringá.
O documento foi entregue ao prefeito Ulisses Maia (PSD) pela superintendente do Patrimônio da União no Paraná, Cleise Mara Bittencourt. Portaria da Secretaria do Patrimônio da União, ao doar o terreno, dá mais dois anos para que o prédio seja concluído – o mesmo prédio para estar levantado em até 9 meses, no ano eleitoral de 2018. A portaria também prevê reversão à União se o terreno não for utilizado para sua finalidade.
Passaram-se três eleições, o estabelecimento não funciona mas a Associação dos Amigos do estabelecimento que não funciona já pode receber doações municipais e estaduais. O prazo para a conclusão do hospital, estabelecido pela portaria inicialmente em até dois anos, poderá ser renovado por mais vezes.
A ideia do hospital para tratamento de câncer pediátrico foi de Ricardo Barros (PP), no final de 2017, encampado pela mulher, Cida Borghetti Barros (PP), que era vice-governadora e depois governadora tampão, e entregue como pacote fechado ao Executivo, passando pela Organização Mundial da Família, ONG que tem sede em Curitiba e da qual Cida é “embaixadora”.
À época já existia o setor oncológico pediátrico do Hospital Universitário de Maringá (inaugurado em 2013), que chegou a ficar fechado por 4 anos após sua inauguração e nunca funcionou plenamente. A ex-governadora já fez campanha eleitoral recebendo doações de clínicas que realizam tratamento de câncer.
Os gastos com o Hospital da Criança do PP, incluindo os da prefeitura, não previstos no contrato assinado em fevereiro de 2018, beiram hoje os R$ 200 milhões. Seu funcionamento pleno proposto custaria R$ 20 milhões/mês, se adotado o sistema do HC de Brasília, que foi parcialmente feito pela mesma ONG, e com atraso – semelhantes aos verificados em outras cidades com as quais ela firmou parceria.
Ontem os deputados Soldado Adriano José (PP) e Maria Victoria Borghetti Barros (PP) comemoraram a aprovação do título de utilidade pública para a Associação dos Amigos do Hospital da Criança de Maringá. Isso, o hospital não atende uma viva alma ainda mas já tem uma entidade de amigos, agora apto a receber recursos municipais e estaduais.
Três meses atrás, a AMIHC tinha recebido o título de utilidade pública municipal, projeto proposto pela vereadora Ana Lúcia Rodrigues (PDT), que indicou ao prefeito Ulisses Maia a indicação da secretária municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, Terezinha Pereira (PP).
Ao registrar o recebimento do documento da União, o prefeito não falou em prazo, só escreveu que trata-se de “um avanço que garantirá, em breve, um futuro de saúde para nossas crianças de Maringá e toda região”. Ontem, ao informar a aprovação do título de utilidade pública estadual, os deputados do PP também não citaram prazo para o hospital entrar em funcionamento, mas frisaram que a AMIHC “em seus primeiros meses já se preocupou em buscar recursos para a manutenção”.
A Associação dos Amigos do Hospital da Criança de Maringá foi fundada há quase 36 meses, em julho de 2020, quando o hospital ainda estava em obras; o prédio permanece inconcluso, faltando rede óptica e adaptações diversas, que incluem a construção de rampas. Este ano, com a mudança na diretoria, a entidade, que ganhou área de terras da prefeitura, começou a buscar recursos, tendo recebido em doação projetos e móveis, além de campanha para destinação de parte do Imposto de Renda para construir a casa de apoio e busca de emendas parlamentares. A AMIHC é presidida desde janeiro por Josyane Mansano, advogada desde 2010.
O secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto (PSD), que acompanha o caso desde seu início, propôs recentemente a abertura de um ambulatório com 37 leitos (o projeto original prevê 160), apontou os altos custos e também não quis arriscar uma data certa para o funcionamento do estabelecimento. No hospital, já há equipamentos correndo o risco de deterioração.
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