O vereador Sidnei Oliveira Telles Filho (Avante), 1º secretário da Câmara de Maringá, talvez tenha que mudar a data de uma reunião pública sobre a mudança de zoneamento nas zonas 4, 5 e 6 (Maringá Velho). Ele disse ter sido procurado pela associação de moradores da Zona 4, que defende a construção de prédios na região, o que é atualmente limitado pelo Plano Diretor (mudanças no PD serão discutidas pela população em julho ou agosto), mas a “verdadeira” associação nega.

É que os moradores desses bairros foram surpreendidos com a informação segundo a qual o vereador promoverá a reunião pública para discutir a mudança de zoneamento. À imprensa uma ex-ocupante de cargo comissionado da administração Silvio Barros II (PP) falou como se fosse a presidente da associação, que no entanto não tem registro nem CNPJ, segundo informam diretores da Associação de Moradores da Zona 4 (tida como verdadeira).

Karine Victorino da Silva, que se apresenta como presidente há dois anos de uma associação com o mesmo nome anos e considera a verticalização do bairro uma modernização, disse que sua entidade é ligada à Feabam – Federação das Associações de Bairro de Maringá -, presidida por Antonio Bento Cuenca Moya, que durante anos foi secretário parlamentar do deputado federal Ricardo Barros (PP).

O parlamentar está licenciado mas Cuenca continua como secretário de seu substituto, o londrinense Marco Brasil, com salário mensal de R$ 4.745,18. Karine disse ter sido convidada e que “o vereador veio aqui no bairro” e que construtoras também apareceram na Zona 4, e admitiu que quer construir um prédio de 10 a 15 andares em seu terreno.

Já a Feabam está inapta desde 2018, segundo a Receita Federal, por omissão de declarações. Mesmo estando inapta, a Feabam terá representante na discussão do Plano Diretor pela Feabam: Fabio Rodrigues Ricaldo, que representou a Engedelp Construções Civis em processos de licitação junto a órgãos públicos e também foi cargo comissionado na gestão do PP em Maringá. No fundo da discussão, suspeita-se, está o interesse em alterar o desenho original do PD naqueles bairros, cedendo-se a interessados na construção de edifícios.

“Não reconhecemos a associação como representante do bairro”, disse Lizobel Bussolin, vice-presidente da entidade “verdadeira”, pois possui registro em cartório de títulos e documentos e Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. A entidade é presidida por Martin Zavadinack Netto. Sidnei Telles, que é engenheiro, disse que pretende ouvir a população, mas deu a entender que a favor da mudança de zoneamento.

Lizobel Bussolin informou que os moradores desconhecem a existência da entidade que falou em nome deles; o grupo da associação legalizada tem cerca de 200 pessoas, que admitem ir à justiça para impedir a alteração na zoneamento sem aval da população. Bussolin chegou a colocar em dúvida a existência do abaixo-assinado de moradores pedindo a mudança; em contato com o gabinete do vereador Sidnei Teles, garantiu-se que o documento existe e a assessoria ficou de encaminhar, o que não foi feito até o momento.

“A associação presidida por Martin Zavadinack Netto é antiga, possui centenas de associados e tem participado de todas as discussões envolvendo o Plano Diretor, dentre outros assuntos. (…) o fato é que uma lista da espécie jamais circulou para coleta de assinaturas dos moradores da Zona 4”, disse um morador, acrescentando que a pessoa que seria vice-presidente da associação irregular sequer mora no bairro.

Segundo o mesmo morador, o fato de as entidades representativas dos bairros não terem sido convidados eleva a preocupação dos moradores, pois a mudança “favoreceria o avanço do comércio em bairros historicamente residenciais, bem como, como efeito lateral, visando a construção de edificações de apartamento e de salas comerciais, hoje vedada no Plano Diretor”. Mudanças estariam em desacordo com a vontade da grande maioria dos moradores. Ele cobra do vereador que torne públicas suas reais intenções com a reunião para terça-feira, 27, às 19h, na Câmara Municipal. (Atualizado)

Foto: Google Earth