E assim caminha a política…

Nem tudo são flores na política feminina maringaense

Apesar do avanço com a atuação de movimentos específicos na área política, e sem generalizar, o cenário maringaense envolvendo mulheres não parece muito diferente do dos homens. Vejamos alguns casos, que podem ter reflexos na eleição municipal de 2024.

A vereadora Cristianne Costa Lauer (PSC) enfrenta denúncia feita há 378 dias pelo Ministério Público Estadual por improbidade administrativa. O promotor Leonardo da Silva Vilhena acompanha o caso, marcado pela demora na citação da vereadora: 9 meses após o ajuizamento da ação civil pública. Acusada de enriquecimento ilícito (utilizar servidor pago com dinheiro público em serviços particulares), ela deve enfrentar a concorrência no ano que vem.

Propaganda eleitoral, que deveria ter sido retirada até 2 de novembro de 2022, permanece

Uma delas deverá ser a bolsonarista Giselli Bianchini, ex-presidente do Pros (partido que apoiou Lula), que foi candidata a deputada estadual, passados 268 dias ainda não retirou a propaganda eleitoral afixada na fachada de sua imobiliária, na avenida Paraná. Aparentemente, ninguém a denunciou por conta da contrariar a resolução 23.671 do Tribunal Superior Eleitoral, que estabelece prazo de até 30 dias após a eleição para que candidatos, partidos, federações e coligações políticas devem remover a propaganda eleitoral. A propaganda no estabelecimento particular, onde ela aparece ao lado do inelegível Jair Bolsonaro (PL), ajuda a divulgar uma possível pré-candidatura a vereadora.

Já a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Terezinha Beraldo Pereira, juntamente com sua ex-superintendente Eliany Alves Feitosa enfrenta denúncias de assédio contra servidoras municipais. Feitosa deixou o cargo, mas Pereira se mantém, graças ao prefeito Ulisses Maia (PSD), para quem é preciso esperar a apuração do caso, ao secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros (PP), e, indiretamente, à coordenadora de sua indicação, a vereadora Ana Lúcia Rodrigues (PDT). Ela ainda foi empossada presidente do Conselho Municipal da Mulher, um dos órgãos que receberam a denúncia. A Comissão de Enfrentamento à Violência de Gênero da OAB Maringá encaminhou a denúncia a vários órgãos públicos para as devidas providências, isso há exatos 340 dias.

Vereador: “ajudei ela financeiramente”

Finalmente, o panorama não é diferente em relação à professora aposentada e vereadora Ana Lúcia, que no ano passado também foi candidata a deputada estadual. Hoje faz 16 dias que veio a público a informação de que sua campanha recebeu recursos não declarados em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral; o dinheiro foi repassado pelo também vereador Cristian Maninho, como ele próprio confirmou no grupo de WhatsApp do partido. Não houve nenhuma manifestação oficial do partido a respeito e não se sabe se alguém fez a denúncia da irregularidade (conhecida como caixa 2) à Justiça Eleitoral. Se não houve pronunciamento, foram registradas postagens em redes sociais tendo Barbie como tema.

O silêncio seria uma estratégia para que a coisa caia no esquecimento e, assim, o assunto morra. Ao menos um vereador chegou a cogitar pedir à presidência da Câmara de Maringá as filmagens do período da campanha eleitoral. As imagens poderiam confirmar ou não se o dinheiro era entregue semanalmente em envelope pelo vereador e empresário Maninho, na garagem do prédio do Legislativo.

Foto: Umut Sarıalan