Desmonte do Brasil

Para o décimo- terceiro Presidente do Brasil, Washington Luís, ” governar era construir estradas”, para a moderna extrema direita do país, ” governar é desmontar o Brasil”.Orgulha- se o ex-presidente ” patriota” por haver privatizado 36% das empresas estatais brasileiras.Para o mentor das finanças, Paulo Guedes, “a transformação da empresa estatal em sociedade anônima de capital aberto seria a saída mágica para o país assumir a condição de respeitável potência mundial”.

E foi assim que a nossa pátria fragilizou- se mais, endividou- se mais, internacionalizou- se mais. Ganharam os poderosos acionistas das corporações estrangeiras ou não, mas movidas unicamente pelo “deus-lucro”, totalmente despreocupado com os dramas sociais de nossa maioria extremamente pobre.

Internacionalizar o Brasil é o mesmo que imaginar que forasteiros haverão de cuidar de nossas casas e de nossas famílias melhor do que nós mesmos. Sedimentar o nosso desenvolvimento à base de dívidas impagáveis é insistir irremediavelmente em perda da própria soberania nacional.

No cenário mundial desde 1980 até hoje, a ex-pobre China vem conquistando os maiores índices de crescimento no planeta. Será que foi à base de venda de empresas públicas a potências econômicas? Não.

Depois da morte de Mao Tsé Tung, a China abandonou a política de regime totalitário e permitiu a abertura controlada do capital externo.

No lugar de privatizações ou internacionalizações, líderes chineses, longe de vender as próprias estatais aos estrangeiros, as reformaram com tanta eficiência, que elas respondem hoje por 70 % do produto interno do país. Quanto às empresas privadas chinesas, elas não foram esmagadas por impostos abusivos, juros incoerentes e multas escabrosas. Ao contrário, elas foram modernizadas com enfoque na tecnologia, motivadas a ousar e e investir em novos mercados, situação que as fez capazes de responder por 30% da economia chinesa nos últimos 44 anos.

De nosso lado, ano após ano, a nossa querida pátria mais e mais se descapitaliza. Transformado em “casa da mãe Joana”, nem passam mais pela avaliação do Congresso Nacional, as vendas do patrimônio nacional às elites nacionais ou internacionais. Ao menos, o Supremo Tribunal Federal poderia intervir quanto à inconstitucionalidade do sem-número de estatais brasileiras que têm deixado de existir em nome da ” caixa preta” da dívida pública a ser paga, mas que segue crescendo geometricamente.

Enquanto isso, as privatizações crescem: mineradoras, aeroportos, rodovias, portos, sistemas de energia, bancos, empresas de telefonia e demais setores vitais e estratégicos à segurança nacional do país. O Brasil? Ora, a contradição de nossa pátria continua. Por aqui circulam riquezas entre as dez maiores do mundo, mas a maioria de nosso povo continua na humilhação do desemprego ou na condição de moradores de rua, dependente de esmolas oficiais contra a morte pela fome e perpetuado na humilhação perene da pobreza.


(*) Tadeu França – professor universitário e ex-deputado federal constituinte