Propaganda do candidato oficial apontada aos Barros faria parte de ‘briga’ que mesmo sendo possivelmente de brincadeirinha desagrada os aliados; afinal, todos estavam juntos até ontem
Vivendo momentos que começam a ser decisivos, a campanha de Ulisses/Scabora mira até aliados, como os Barros, que aparecem em propaganda eleitoral em preto e branco, como se fossem eles os únicos a disputar as eleições deste ano. A tática de se colocar contraponto tem tudo para não grudar, mas pode aumentar a rejeição dos Barros. Por isso o capo não estaria muito contente.
Prefeito e vice ao longo dos últimos 8 anos esqueceram que foram eleitos apresentando-se como oposição a RB e companhia bela. Pelo contrário: a gestão que comandam não quis acionar Silvio Barros II na justiça, através de ação civil pública, por conta da rejeição de suas contas, das contratações feitas sem licitação. Aliás, o atual prefeito e o ex-prefeito do PP são os únicos que ocuparam a chefia do Executivo e estão na chamada ‘lista suja’ que o Tribunal de Contas entregou ao Tribunal Regional Eleitoral. Em troca da inação, sabe-se que o chefe da avenida Prudente de Morais proíbe qualquer ataque à administração do ex-chefe de Gabinete que galgou a principal cadeira do paço municipal.
Mais: Ricardo Maia, irmão do prefeito e assessor do governador Carlos Massa Ratinho Junior, fez dobradinha na campanha de 2022 com o xará Barros, com direito a festa de lançamento com a presença de parte do secretariado. O mesmo que esteve representado em reunião no escritório de Barros, o chamado Posto Ipiranga. Há anos uma pessoa que toda a vida foi ligada aos Barros é secretária municipal; muitos outros que votaram em Silvio Barros em 2016 e 2020 também integraram e integram a administração. Ou seja, chegando pleito o discurso de oposição aos Barros, para a atual gestão, não parece verdadeira.
A mudança de comportamento com os aliados, além de provocar chateação neles, não tem o poder de acabar com o vácuo da oposição, que permanece. Nomes como Evandro Oliveira e Humberto Henrique tendem a se fortalecer com a aparente briga entre os até então colaboradores (vejam o caso das milionárias obras do centro de eventos do escritório de Niemeyer e do Hospital da Criança, que nunca estiveram em nenhum plano de governo do atual prefeito e vice e foram viabilizadas pelo pepista, o deputado federal e secretário estadual licenciado).
A situação poderia ser mais uma reforçando a tese de que haveria, além do copia e cola da propaganda dentro de um carro, um acordo entre os dois grupos, para não permitir que terceiros crescessem. Esta tese foi tentada 20 anos atrás, entre PP e PT, e não deu certo. O que começa a se ver seria uma ‘briga’ de brincadeirinha, para cessar a conversa de bastidores de que haveria uma retribuição masculina a 2020, quando o PP teria entrado para perder.
“Mas que chateia, chateia”, conforme um assessor das três administrações do PP, que vê outra semelhança entre as campanhas do PSD e PP: quem manda e desmanda nelas não são efetivamente os candidatos a prefeito.
Foto: PMM