Paço municipal precisa ser ampliado
Falta espaço para acomodar cargos comissionados da gestão Barros 3.0
A administração passada desprezou projeto de ampliação do paço municipal, que faria com que fosse reduzido o gasto de quase R$ 5 milhões anuais com o pagamento de aluguel para abrigar órgãos públicos. Aliás, a redução dos valores gastos com imóveis alugados foi um dos principais motes do ex-prefeito Ulisses Maia em 2016.
Agora, aparece uma dúvida: aumenta-se o tamanho da prefeitura, na esquina das avenidas 15 de Novembro com Duque de Caxias, ou faz-se um grande negócio imobiliário, dando início à construção no Centro Cívico, xodó das gestões passada e atual? Esta é a opção que agrada a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que retomaria o imóvel por desvio de finalidade, e eventualmente alegria políticos-corretores.
De qualquer forma, em menos de um mês de administração Barros 3.0 é consenso entre os servidores municipais que será preciso aumentar ao menos um andar ao anexo mais novo (o ‘caixote’ original, ainda não tombado, é obra de José Augusto Bellucci, o que projetou a Catedral e várias outras obras, algumas desfiguradas pelo poder público nos últimos anos). Motivo para aumentar as dependências do paço municipal, ou no mínimo construir mezaninos em alguns órgãos: a quantidade de cargos comissionados que estão sendo nomeados.
Desta vez decidiu-se não dar a estatutários as gerências das 35 secretarias e autarquias; colocaram CCs. Assim deve acontecer também com as unidades básicas de saúde, escolas e centros municipais de educação infantil, uma forma de acomodar todos os aliados políticos e, acredita-se, consolidar o objetivo de nunca mais o PP deixar o poder Executivo.
O funcionalismo público está desolado, decepcionado e com certeza de ter caído no canto da sereia ao apoiar a eleição do pepista Silvio Barros II. Há casos de secretarias cujas dependências são insuficientes, pequenas demais para acomodar tanta gente que vem sendo nomeada. Estima-se em ao menos 400. Numa delas, a proporção é de 4 efetivos para 14 cargos comissionados. A máquina pública está inchando e, com o inchaço, aparecerão problemas.
Embora se estime que de 70% a 80% dos cargos comissionados, indicados por políticos, tenha ao menos afinidade com as funções para as quais foram nomeados, em vários casos o que se vê é CCs ornamentando cadeiras, quando sobram. Os servidores de carreira fazem o trabalho, mas, como as gerências estratégicas estão nas mãos de apadrinhados, são os CCs que levam o mérito, mesmo sem muitas vezes não saber o serviço, e por isso dedicando-se ao celular ou aos passeios dentro e fora do paço municipal.
Ainda sobre os comissionados que tomam conta hoje da máquina administrativa maringaense: vêm aí os indicados por ao menos 20 vereadores. São quase 100 CCs via Legislativo. Mas outra coisa é consenso: o funcionalismo de forma geral, por conta do dolorido episódio da trimestralidade, não pode reclamar, pois sabia o que viria pela frente.
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