Vila Olímpica sem carnaval?

Alegando insegurança, associações pedem que prefeitura não realize eventos carnavalescos na Vila Olímpica

Pouco mais de uma quinzena depois de divulgada a programação do carnaval maringaense (confira ao final), que inclui cinco dias de folia entre 28 de fevereiro e 4 de março, com bandas e bloquinhos em praças, na Vila Olímpica e Parque do Japão, a administração municipal recebeu um ofício da Associação de Moradores da Zona 7 e da Associação dos Síndicos de Maringá, pedindo que o complexo olímpico não seja utilizado para festas como as que se verificaram até agora, por conta da insegurança e transtornos que provocam. Eventos carnavalescos, com bloquinhos, estão programados para sábado e domingo (1º e 2 de março)

O documento relata os danos coletivos provocados pela comemoração carnavalesca naquele local, e foi encaminhado também a outras autoridades, como Ministério Público, Legislativo, secretarias, 5° Batalhão de Bombeiro Militar e 4º Batalhão da Polícia Militar, a quem fazem um relato do que já aconteceu, como a falta de alvará dos bombeiros, policiamento insuficiente, sujeira e consumo de drogas, num local que deveria sediar somente eventos esportivos.

O pedido de alteração de local, em que as entidades ressaltam não serem contra a realização do evento, manifesta preocupação tanto com os foliões quanto de toda população relacionados à segurança, organização e gestão, respeito e bem-estar de todos e preservação do espaço público. “Representamos diretamente milhares de cidadãos moradores do entorno, e nos preocupamos com todos os que irão frequentar o local para comemoração do evento”, diz o ofício, antes de relatar que: 1 – eventos anteriores não tiveram a solicitação de vistoria do Corpo de Bombeiros, “colocando em risco a vida de todos os foliões, atingindo toda a população; 2) o policiamento é insuficiente para coibir atos violentos, bem como também insuficientes para atender casos de agressão tanto no evento, quanto nas imediações; 3 – nos arredores, a população presencia o abuso de entorpecentes, verificando a atuação do comércio ilícito no espaço aberto, resultando em outros crimes, como furtos e roubos, agressões físicas. O receio da população é o aumento dos já “corriqueiros” homicídios cometidos no triângulo avenida Paranaguá, Vila Olímpica e no estacionamento do Estádio Regional Willie Davids; 4 – o local, espaço aberto, com muitas rotas de fuga, é
incompatível com o efetivo policial nesta cidade que possui mais de 450 mil habitantes, o que poderia deixar descobertas as demais áreas da cidade; 5 –
a Vila Olímpica é obviamente o local para realização de eventos esportivos, e quanto a isso não se opõem, “porém, nesse período sofrem com a poluição sonora e perturbação do sossego constantes para os moradores (incluindo muitos idosos e pessoas com autismo) são mais sensíveis a sons altos ou
inesperados, chamado de hipersensibilidade auditiva). Temos os já conhecidos abusos de som (incluindo os próprios blocos e shows, ensaios do universitário com baterias, todos os dias no final da tarde, em frente ao ginásio Chico Neto), som automotivo, algazarra com gritaria, que ocorrem após a finalização dos “eventos oficiais”; 6 – após a realização do evento, “temos histórico de sujeira generalizada no estacionamento do estádio e nas ruas do entorno, com muito lixo espalhado, garrafas de bebidas, muitas quebradas, preservativos usados e urina junto aos portões de prédios e casas dos moradores. A limpeza pública não é suficiente para realizar a limpeza desses locais, deixando essa responsabilidade para cada morador”.

O registro de incidentes também é justificativa do pedido encaminhado ao Executivo. A estimativa de um público de 20 mil pessoas, e a aglomeração leva à ocupação de barrancos, escadarias e outros espaços já ocupados pelas piscinas, pista de skate. “Temos, portanto, o poder público colocando a população em risco”.

As duas associações propõem locais como o antigo Aeroporto Gastão Vidigal e o parque de exposições. “Nos causa indignação a falta de consulta aos moradores da Zona 7, bem como o descaso com as ocorrências anteriores. Entendemos que nossa reivindicação é justa, porém, fomos silenciados em prol de retorno financeiro aguardado em razão do evento. Mas nos perguntamos, a que preço? Porventura a realização desse evento em outro local irá prejudicar a quem? E por esse motivo, trazemos nossa reivindicação à essa gestão que novamente se inicia, esperando que entenda os riscos pelos quais está colocando em perigo
a população, conforme discorrido. Se não fomos consultados, trazemos nossas razões para conhecimento, análise e provimento; afinal, todos pagamos impostos
e temos os mesmos direitos e obrigações”, considera o ofício, encaminhado no dia 17.

O documento, assinado pelo presidente da Associação dos Moradores da Zona 7, José Augusto Machado, ainda aborda a legislação descumprida, as vantagens da mudança de local do evento e ações compensatórias no caso de o carnaval ser mantido na Vila Olímpica (leia a íntegra aqui). O ofício pede que a posição da prefeitura seja definida em prazo de oito dias, ou seja, té o dia 25..

Confira a programação do Carnaval de Maringá 2025:
Sexta-feira, 28 de Fevereiro
Samba na Praça
Onde: Praça Luiz Moreira de Carvalho, no distrito de Iguatemi
Horário: 20h
Sábado, 1º de março
Bloquinhos de Carnaval (Vila Olímpica)
Onde: Vila Olímpica (entrada pela Avenida Duque de Caxias)
Horário: 14h às 21h
Samba na Praça
Onde: Praça Professora Rachel Dora Paraná Pintinha, no Jardim Alvorada (Praça da Casa da Cultura e Biblioteca do Jardim Alvorada)
Horário: 16h
Domingo, 2 de março
CarnaPet – com concurso de fantasias e folia especial para os pets
Onde: Parque do Ingá (portão principal)
Horário: 10h
Bloquinhos de Carnaval (Vila Olímpica)
Onde: Vila Olímpica (entrada pela Avenida Duque de Caxias)
Horário: 14h às 21h
Samba na Praça
Onde: Praça Zumbi dos Palmares, no Santa Felicidade
Horário: 17h
Segunda-feira, 3 de março
Samba na Praça
Onde: Praça Central do distrito de Floriano
Horário: 19h
Terça-feira, 4 de março
Matinê de Carnaval para as crianças
Onde: Salão de Eventos do Parque do Japão
Horário: 15h às 18h

Foto: PMM