Crítica ao depoimento do Presidente da SAF Maringá Futebol Clube


O futebol vive da paixão, da emoção popular. Não é feito apenas para quem tem dinheiro sobrando
O presidente da SAF Maringá Futebol Clube, João Vitor Mazzer, fez um pronunciamento recentemente e, sinceramente, deixou muito a desejar. Visivelmente nervoso, Mazzer tentou justificar o injustificável: os altíssimos preços dos ingressos para os jogos do Maringá. O reflexo foi imediato e visível — arquibancadas vazias, principalmente atrás do gol da Prudente de Morais, e a ausência da torcida organizada, que sempre esteve ao lado do time, mesmo nas fases mais difíceis.
O futebol vive da paixão, da emoção popular. Não é feito apenas para quem tem dinheiro sobrando. Infelizmente, a SAF do Maringá parece esquecer disso ao adotar preços que afastam justamente o torcedor mais fiel — aquele que acompanhou o clube desde a Série B do Campeonato Paranaense, quando pouca gente acreditava. Muitos desses torcedores, ontem, sequer conseguiram entrar no estádio.
Será que o Maringá Futebol Clube quer ser um time apenas para poucos? Se o acesso à Série B vier, os preços vão subir ainda mais? Ingressos elitizados, estádios vazios e times desconectados da sua cidade são um péssimo caminho. É preciso sensibilidade, humildade e visão a longo prazo para construir uma torcida de verdade.
Dentro desse contexto, surgiu a proposta de criação de um terceiro setor popular atrás dos gols. A ideia até poderia soar interessante se o estádio fosse do clube — mas não é! O Estádio Willie Davids é patrimônio do município, pertence à cidade de Maringá e não ao Maringá Futebol Clube. Falar em “terceiro setor” dentro de um estádio público, como se tivesse autonomia para isso, revela uma total falta de entendimento e respeito pela estrutura que é de todos.
Mais que repensar o preço dos ingressos, a SAF deveria focar em projetos realistas: buscar seu próprio espaço, sua própria Arena, seu próprio lar. Só assim o clube poderá planejar o que quiser, inclusive setores populares e políticas de preços que realmente atraiam torcedores.
Até lá, o mínimo que se espera é mais responsabilidade e mais cuidado ao tratar do que é público. Valorizar o torcedor — e respeitar a cidade — deveria ser prioridade.