Majô, o povo quer gestão!

Se a presidente da Câmara quer deixar um legado, que seja o da coragem de cortar na própria carne

Indignação. Esse é o sentimento que toma conta de quem acompanha, estarrecido, os rumos da nossa casa legislativa. A possível criação de cinco novos cargos pela presidente Majô soa como um deboche com a população que já não aguenta mais pagar a conta do inchaço público.

Majô, a senhora sempre discursou em defesa do empreendedorismo, da eficiência administrativa e do enxugamento da máquina pública. E agora, quando tem a oportunidade de mostrar na prática a tal “capacidade técnica” que tanto mencionou, escolhe o caminho mais cômodo: criar cargos, liberar diárias, aumentar horas extras. Que contradição vergonhosa!

Cadê a gestão? Cadê a responsabilidade com o dinheiro do contribuinte? Cadê a coragem de fazer diferente?

Enquanto o povo trabalha de sol a sol para garantir o básico, a Câmara planeja gastar mais com novos cargos comissionados — cargos que, sejamos francos, muitas vezes servem mais para agradar aliados do que para atender o interesse público.

A senhora foi eleita para mudar isso, não para repetir os velhos vícios.

Ao invés de inchar a folha de pagamento, a senhora deveria estar reduzindo custos, cortando diárias desnecessárias, diminuindo horas extras abusivas e investindo em eficiência administrativa. Gestão não é só ocupar cadeira — é tomar decisões responsáveis, mesmo que sejam impopulares.

O que vemos, infelizmente, é mais do mesmo. Uma política feita para dentro, voltada para manter estruturas de poder e benesses internas. Uma gestão que fala bonito mas age como se o dinheiro público fosse infinito.

Se a senhora realmente acredita no empreendedorismo, então aja como tal: otimize, inove, corte o desperdício. É isso que qualquer gestor faria em uma empresa de verdade. O problema é que no setor público a conta quem paga é o povo — e parece que isso virou licença para a má gestão.

Não queremos mais cargos, queremos mais atitude. Não queremos discursos, queremos coerência. Não queremos inchaço, queremos resultados.

Se a presidente Majô quer deixar um legado, que seja o da coragem de cortar na própria carne. Que seja o da gestão técnica e enxuta. Que seja o de colocar o interesse público acima dos arranjos internos.

Criar cargos é fácil. Difícil é gerir com responsabilidade e fazer mais com menos. Mas é exatamente isso que se espera de quem se propõe a liderar.

Foto: Google Street View