Maringá festeira


Para eventos notáveis, como os bailes do Rubi, das Debutantes, da Primavera, eram contratadas orquestras famosas – Nelson de Tupã, Severino Araújo, Ruy Rey
Quando mudei para Maringá, no início de 1955, meu maior impacto foi a sensação de sozinhez. Um garoto de 20 anos, com a cara e a coragem, num lugar que ainda exalava o aroma da mata. O parente menos distante morava em Bauru.
Precisei de mais de um mês para desistir de desistir daquela ousada aventura. Se algum problema me acontecesse, ninguém saberia a quem comunicar. Cheguei a fazer um cartão no qual escrevi minha identificação e o endereço de alguns familiares. Trazia sempre no bolso uma cópia desse cartão e deixava cópias com três dos primeiros amigos que fiz aqui: Zitão (dono da cantina onde a rapaziada solteira fazia as refeições), Ademar Schiavone e João Amaro Faria.
Um amigo foi trazendo outro, e assim já completei 70 anos de feliz convivência com a melhor gente do mundo.
Minha história é decerto parecida com a sua ou com a de ancestrais seus. Chegamos sozinhos (ou quase). Aos poucos fomos nos enturmando com os vizinhos, com os colegas de trabalho, com as pessoas que íamos conhecendo na igreja, na associação de bairro, nos esportes, nas festas etc.
O ano começava com as folias do reveillon e do carnaval. Entrando o outono, iniciavam-se os preparativos para as festas de Santo Antônio, São João e São Pedro, seguindo-se outros eventos notáveis, como os bailes do Rubi, das Debutantes, da Primavera. Para esses momentos eram contratadas orquestras famosas – Nelson de Tupã, Severino Araújo, Ruy Rey.
Mas o agito mais animado da Maringá pioneira era a “Quermesse da Matriz”, que se realizava anualmente ao lado da catedral antiga, reunindo a população inteira. Os mais idosos devem até hoje guardar gostosas saudades.
Ah, sim… E quem sabe o seu namoro tenha começado ali?
(Crônica publicada na edição de hoje do Jornal do Povo)
Foto: Museu da Bacia do Praná